Um dia, Olufã, Rei de Efá, teve que se ausentar de seu reino deixando seu filho caçula (que atendia pelo nome de Kabiesí) no trono. Este que era muito ambicioso sentia-se incomodado com a presença dos Orixás Funfuns, por impedirem todas as novas leis e determinações criadas pelo filho do Rei.
Kabiesé sentia-se constrangido e incomodado com os Obás e começou a jogar uns contra os outros fazendo intrigas, inventando historias e armando ciladas, criando assim uma grande guerra e levando a cidade de Efá à ruína.
Quando não sabia mais o que fazer pela grande situação que causou, Kabiesí procurou seu amigo que era Babalawô de nome Ojise Bó Iká ou Orô Jinse e que costumava chamar Kabiesi de Orixá Iyan que significa “Orixá Comedor de Inhame”.
O Babalawô penalizou Kabiesí:
– Todas as intrigas que criastes voltarão contra ti, pois seu pai é sábio e saberá apurar os fatos de todo o acontecido.
– Vá e reúna-se com todos os ministros que hoje estão separados.
Kabiesí se viu preocupado, mas sentia-se seguro. Ele acreditava que nunca mais os ministros se reuniriam pelo tamanho da intriga que ele mesmo havia causado.
E disse mais o Babalawô:
– O pai que tens é o Senhor da Verdade e sua cor é o branco. Por menor que seja a sujeira ela sempre aparecerá sobre o branco.
Kabiesí perguntou:
– O que devo fazer?
Babalawô respondeu:
– Faça oferendas para Ejíonilé porque este é o Odú da intriga, mas tratando-o de maneira correta poderá alcançar sucesso e prestígio.
Kabiesi perguntou:
– Como faço estas oferendas?
Babalawô respondeu:
– Deverá abrir um alá funfun e colocar sobre ele 08 pratos brancos e dentro de cada prato você deverá colocar uma vara de atorí, uma moeda prateada, uma folha da costa, uma bolinha de algodão, um acaçá e um igbin. Convidará cada ministro de seu pai e dará um prato com tudo o que colocou dentro para cada um e pedirá a todos eles “agô” por tudo que causou. Você seguirá em procissão levando em sua mão direita um pombo branco e na esquerda um pombo preto que pintarás com efun escondendo assim a sujeira que tem e deixará que Oxalufã escolha o pombo que quiser.
Todos aguardavam a chegada de Oxalufã. Kabiesí sentia-se seguro porque tinha conseguido reunir todos os ministros.
Oxalufã chegou a seu reino muito cansado, com ar de tristeza e decepção.
Junto dele tinha um distinto homem muito carinhoso e atencioso com o Rei, ele se chamava Ayrá. Toda família funfun estranhou o apego do Rei com aquele estranho homem. Em todos os locais da aldeia que ele ia, este homem estava junto. todas as comidas e bebidas ofertadas ao rei Lufã eram passadas ao estranho primeiro e este sentava-se na cadeira ao lado do Oní.
As vestes que não eram permitidas a nenhum Orixá que não fizesse parte da família funfun era permitido a Ayrá.
Este Orixá tornou-se mais íntimo do que os próprios familiares.
Após o Rei trocar de roupa e alimentar-se, caminhou até o poste central da aldeia, sentou-se em seu trono para receber os presentes dos amigos, parentes e vizinhos.
kabiesi aproximou-se do pai.
Oxalufã o olhou e disse:
– Meu filho querido, cujo meus excessos de carinho transformaram o direito em poder, não respeitando mais o direito de outras pessoas e deixando assim que só o seu desejo prevalecesse. Soltarás o pombo verdadeiramente branco e
guardarás para si o pombo preto que pintaste e terás que mantê-lo sempre branco para que as pessoas nunca descubram a verdadeira negatividade que você traz. Darei uma terra seca onde nada nasce e terás que fazer esta terra produzir e lá criarás seu próprio reino. O que vai fazer seus descendentes crescerem é a dificuldade que passarão até construir seu próprio reino. Pois será essa dificuldade que fará de ti um grande Orixá e seus filhos terão orgulho do pai que tem.
Kabiesi sentiu-se entristecido, mas ao mesmo tempo contente, pois esperava um castigo muito maior de seu pai.
Kabiesí teve ajuda de seu grande amigoOjinse que com as mãos da magia conseguiu transformar a terra seca em terra fértil. Construiu um palácio um mercado e todos os anos na colheita dos novos inhames ele levava todo o carregamento para o Ilé Ifan onde residia seu pai.
Após muito tempo, Oxalufã resolveu perdoar o filho por todos os maus atos cometidos, dando a ele o direito de vestir o branco novamente e o título de Elejibó, nome que recebeu a aldeia de Kabiesi.
Magnífico! É só o que tenho a dizer.
Adorei esta história.