É A RAIZ QUE SEGURA O TRONCO… IYÁ NITINHA DE OXUM

Posted by on 29 de julho de 2016

 

Mãe Nitinha de Oxum

Areonithe da Conceição Chagas, Ìyá Nitinha de Òṣun, nasceu no dia 12 de setembro de 1928, em Santo amaro de Ipitanga, na Bahia.

Filha de Izidora com um espanhol foi criada por Maria da Natividade Pereira, mais conhecida como “Cotinha”, Ògúnjobì, filha de santo da Casa Branca, mais precisamente do terceiro barco de Ìyá Massi, Oìnfunkẹ̀.

Aos quatro anos de idade, Ìyá Nitinha foi iniciada para Òṣun, por Ìyá Massi. Aos quatorze anos casou-se com um filho de Ògún do Jeje de Cachoeira – BA, conhecido como “Seu Benzinho”. Ele era Oluwò, ou seja, jogava os búzios para a Casa Branca, além de outras casas importantes. Desta União nasceram dois filhos, ambos Ogà da Casa Branca: Areelson (Ogà Léo) e Arehigino (Ogà Gininho), confirmados por Ìyá Massi.

Durante esta união Ìyá Nitinha galgou conhecimento sobre a nação Jeje, pois Seu Benzinho era um grande e respeitado Olùwò.
Tempos depois, ela passou a trabalhar nas profissões nas quais era formada, a saber, parteira e professora primária, na Comunidade do Portão – BA.

Mais tarde, um terceiro filho, Antônio Luís (Ogà Julinho).
No Ilê Aṣè Ìyá Nassô Oká – Casa Branca, recebeu os postos de Iyatebeṣé, Ojúodé e Ìyákekeré. Também recebeu o posto de Ìyágà no Ilê Agboulá no bairro das Amoreiras em Itaparica – BA, sendo o maior posto dado a uma mulher no culto de Bàbá Egùn.

Fundou sua primeira casa de Candomblé em 1960, no Município de Santo Amaro do Ipitanga em Pitangueiras – BA.

E assim Ìyá Nitinha não parou e em 23 de abril de 1972 fundou a Sociedade Nossa Senhora das Candeias (Aṣè Ìyá Nassô Oká Ilê Òṣun – Sociedade Nossa Senhora das Candeias) na Cidade de Nova Iguaçu – RJ, mais precisamente no bairro de Miguel Couto, na Baixada Fluminense.

Neste foram iniciados mais de 500 filhos de santo, Ogà e Ekèje.
Sempre correta em suas atitudes e dedicada aos seus trabalhos como Ìyáloriṣá, Ìyá Nitinha era um exemplo de respeito e cumplicidade para com os Òrìṣà, aos quais dedicou toda a sua vida.

 

Iyá Nitinha de Oxum, Iyalorixá da Casa Nossa Senhora das Candeias

Por mais que os galhos cresçam, o tronco sempre será maior, e quem sustenta o tronco é a raiz”.

Mestre Ataliba

 

 

 

 

Mãe Nitinha, da Bahia, é condecorada pelo presidente Lula com a Ordem do Rio Branco (Brasília, DF, Palácio do Itamaraty, 02/05/2007) Foto: Ricardo Stuckert/PR

Conheceu o Presidente Lula no Rio de Janeiro há dez anos e depois, em 2005, foi convidada pelo próprio Presidente para fazer parte da Comitiva Religiosa que participaria do funeral do Papa João Paulo II. Ao ser perguntada sobre o atraso que a fez perder o voo, Ìyá dizia: “O santo mandou ficar”.

Em 2007 foi condecorada com a Comenda da Ordem do Rio Branco, também pelo Presidente Lula em Brasília, maior condecoração que um civil pode receber no Brasil.

Ìyá Nitinha era animada, exuberante e graciosa, mas também enérgica quando preciso. Conhecida nacional e internacionalmente, tinha filhos espalhados pelo Brasil, Argentina, França, Portugal, Itália, EUA dentre outros países. Conquistou sua fama por conta de seus conhecimentos e sapiência no Candomblé em suas diferentes Nações e também pela seriedade e leveza com que conduzia a religião e a Casa.

Ìyá Nitinha não era apenas um exemplo de Ìyáloriṣá, tinha poder nas decisões e a magia no olhar, foi incontestavelmente uma das maiores lideranças religiosas na Bahia e no Rio de Janeiro.

 

Dia 04 de fevereiro é uma data inesquecível para o Candomblé do Brasil e principalmente para os filhos e descendentes da Casa Branca do Engenho Velho. Veio a falecer no Hospital Evangélico, em Brotas, onde estava internada há 12 dias, vítima de insuficiência respiratória. Foi sepultada dia 05 de fevereiro 2008, às 14h, no Cemitério Jardim da Saudade, também em Salvador – Bahia.

No terreiro da Casa Branca iniciaram-se no dia seguinte os rituais de Ajèjè, que tem duração de vários dias. O Ajèjè em Miguel Couto teve início em 12 de março de 2008, sob a direção do Bàbálòrìṣà Air José, do Terreiro Pilão de Prata e Pai Valdemar Ogunssy do Ilê Axé Alarabedê.

Uma Ìyáloriṣá importante para a cultura brasileira e mais ainda para a religião do Candomblé.  Em 2009 teve a sucessão de Iya Nitinha pela Iya Débora de Oxum no Asé Iyá Nasso Oká Ilè Osum –  Sociedade Nossa Senhora das Candeias em Miguel Couto RJ.

Fontes: http://www.maenitinha.com.br/ (com alterações no yorubá).

https://www.facebook.com/candomblesemsegredos

 

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