A utilização das plantas medicinais

Posted by on 7 de março de 2011


Aristolochia cymbifera (Cipó mil homens/ Akonijé)

Nas últimas décadas observamos um aumento da utilização e comércio de plantas, fato que pode ser justificado pela grande quantidade de pessoas que buscam na Fitoterapia auxílio ao tratamento de doenças, manutenção e recuperação da saúde, além de uma melhor qualidade de vida. Outra justificativa para sua utilização são os efeitos adversos que os medicamentos alopáticos tradicionais podem causar ao organismo. No Brasil, a prática de utilizar plantas para recuperação da saúde é crescente, uma vez que os órgãos públicos de saúde frequentemente carecem de recursos que assegurem de forma adequada o bem-estar da população.

O uso de plantas medicinais e rituais no país é uma prática comum, resultante da forte influência cultural dos diversos grupos indígenas que se mesclaram as tradições africanas e a cultura dos colonizadores europeus. Nesse contexto, a comercialização de plantas adquire não só uma função fitoterapêutica, mas também um aspecto religioso fortíssimo. Segundo os preceitos religiosos, os poderes das plantas não se devem apenas aos componentes químicos que encerram, mas também aos poderes que as divindades lhes atribuem (BARROS, 1993).

Ervas que induzem a visões e previsões, que combatem o cansaço e a insônia, que estimulam ou anulam o apetite sexual, e ainda, que provocam depressão e euforia já são há muito conhecidas. Em 1838, foi isolado pela primeira vez um princípio ativo de vegetal, o ácido salicílico, extraído das cascas do salgueiro chorão (Salix babilônica) e utilizado até hoje como analgésico. Ainda existem ervas que aumentam a contração da parede do útero, levando ao aborto, a exemplo do cipó-mil-homens (Aristolochia sp.) e do aperta-ruão (Piper mollicomum). Uma espécie que foi muito utilizada nos conventos e seminários é o lótus (Nymphaea lotus), devido a sua ação anafrodisíaca (inibe o apetite sexual). Outras vão ser fundamentais em rituais religiosos, como o nativo (Dracaena fragans), usada em casas de Candomblé para estimular o transe.

Os princípios ativos contidos nas plantas são absorvidos pelo organismo por diferentes meios, tais como: Ingestão; uso tópico através de aplicações na pele ou por meio

Piper aduncum (Aperta ruão/ìyèyé)

de banhos; inalação e aspiração na forma de charutos, cachimbos ou na forma de pó (CAMARGO, 2006). Existem diversas formas de preparo de plantas medicinais, as técnicas mais comuns são:

A-A maceração consiste na imersão da planta (que pode ser amassada, em água fria, álcool ou azeite) durante 10 a 24 horas de forma que os constituintes solúveis sejam liberados.

B-A infusão consiste em verter água fervente sobre a planta, cobrindo o recipiente de forma a preservar as essências voláteis deixando-a repousar por mais ou menos dez minutos. Esta técnica é ideal para usar as partes mais delicadas da planta: folhas, flores e caules mais tenros.

C-Na decocção a planta é fervida em água entre 15 e 30 minutos. Este método é indicado para preparar partes duras das plantas como raízes, cascas, sementes e rizomas, que necessitam se manter em ebulição, a fim de liberarem seus princípios ativos. Entretanto tem como desvantagem a perda de algumas vitaminas devido à ação do calor.

D-Os ungüentos são uma forma bem interessante de utilização de plantas medicinais, onde extratos vegetais (que podem estar associados a gorduras animais ou resíduos minerais) são aplicados sobre alguma parte do corpo dolorida ou inflamada.

Salix babilonica (Salgueiro chorão)

E-A técnica da Fumegação, muito utilizada pela medicina oriental, está baseada no uso de fumaça ou vapor proveniente de soluções compostas por ervas com princípios ativos voláteis. Uma forma de aplicação da fumegação consiste em dispor as ervas em água e ferver por aproximadamente 15 minutos, em seguida se aproxima a parte afetada para que entre em contato com o vapor.

A fumegação também costuma ser promovida na forma de incensos e em rituais de pajelança, onde a fumaça é aplicada sobre o indivíduo muitas vezes na forma de charutos ou cachimbos. Essa técnica está intimamente ligada com a Aromaterapia, uma vez que também utiliza o sentido do olfato para atingir a cura.

O uso adequado dessas preparações pode trazer uma série de benefícios para a saúde humana auxiliando no combate a doenças infecciosas, alérgicas e disfunções metabólicas. Associado às suas atividades terapêuticas está o seu baixo custo; a grande disponibilidade de matéria-prima e a cultura favorável relacionada ao seu uso. Isso torna a prática da fitoterapia uma realidade que se difunde amplamente nos diferentes grupos que compõem a nossa população.

BIBLIOGRAFIA

BARROS, José Flávio Pessoa de. O SEGREDO DAS FOLHAS: Sistema de Classificação de Vegetais no Candomblé Jêje-Nagô do Brasil. Rio de Janeiro, Editora Pallas, 1993.

CAMARGO, Maria Thereza Lemos de Arruda. OS PODERES DAS PLANTAS SAGRADAS NUMA ABORDAGEM ETNOFARMACOBOTÂNICA. Revista do Museu de Arquelogia e Etnologia,15. Universidade de São Paulo, 2006.

One Response to A utilização das plantas medicinais

  1. vanda godoi

    gostaria de aprender mais em como plantar, cuidar e utilizar as ervas medicinais.. obrigado

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