Bujè- Jenipapo I

Posted by on 2 de abril de 2011

Genipa brasilienses

O jenipapeiro (Genipa americana) é uma árvore nativa, tendo origem na América Central e América do Sul, estando presente na região Amazônica e na Mata Atlântica. Costuma ter um porte elevado, chegando a 20 metros de altura e com copa vistosa. Pertence a família das rubiáceas, mesma do café. Sua madeira é macia e elástica, rachando com facilidade. É utilizada em marcenaria de luxo, construção civil e naval, em tanoaria e xilogravura.

Seu fruto é conhecido como jenipapo, nome de origem tupi-guarani que significa “fruta que mancha”, ou ainda, “fruta que serve para pintar”. Isso porque era hábito muito comum em diversos grupos indígenas utilizar o fruto do jenipapo para cobrirem seus corpos, um dos motivos era que protegia a pele contra insetos, durando por vários dias. É interessante observar que as pinturas eram feitas com o fruto ainda verde, que tinha suas sementes retiradas e produzia um suco, inicialmente incolor, e que em contato com o ar sofria oxidação e se tornava azul escuro, quase preto.

Essa coloração se deve a presença de uma substância corante denominada genipina, que perde sua ação corante com o amadurecimento do fruto. Por isso quanto mais verde for o fruto, mais escura será a coloração do suco, que adquire a consistência do nanquim. Esse corante também pode ser utilizado para tingir tecidos, peças de cerâmica e tatuagens (que desaparecem após algumas semanas).

Ainda com relação ao seu nome, segundo Nei Lopes (Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana) o termo jenipapo se refere também a uma mancha escura que alguns recém-nascidos mestiços teriam na sua região glútea ou quadris, indicando assim sua origem africana.

O jenipapo é um fruto rústico de aroma forte e extremamente ácido, quando consumido ao natural. Para ser aproveitado deve ser colhido no momento certo, apresentando um sabor extremamente acentuado, e que costuma agradar a poucos. É muito apreciado no Nordeste, onde costuma servir como matéria-prima na confecção de doces, xaropes, licores e vinhos. Minha mãe, que era do Amazonas, adorava licor de jenipapo, me recordo que tinha um aroma maravilhoso.. Depois que ela foi iniciada no Candomblé foi proibida de comer a fruta.

Além da genipina, o jenipapo é rico em ferro, cálcio, vitaminas B1, B2, B5, C e carboidratos, o que justifica a sua utilização em casos de anemia e como fortificante. Também é muito empregado como estimulante do apetite e no tratamento de doenças do baço e fígado.

Jenipapo- Jardim Botânico do Rio de Janeiro

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*