O nome cabaça é utilizado para designar pelo menos duas espécies distintas. Existem dois tipos de cabaça, um que nasce em árvores, também chamado cuité (Crescentia cujete), e uma outra com o hábito de trepadeira (Lagenaria vulgaris). Os índios tupis já a utilizavam, denominando a mesma de Ku ‘ ya, nome que foi incorporado por nós como cuia.
A cabaça redonda (Crescentia cujete) é chamada nas casas de Candomblé por igbá, nome que faz alusão a sua forma. Durante muito tempo seus frutos foram utilizados como principal assentamento dos orixás, sendo substituído atualmente por tigelas de materiais diversos como porcelana e vidro. Entretanto, algumas casas ainda preservam essa tradição.
No culto de Ifá é usada como morada de Odú, esposa de Orunmilá, recebendo o nome de Igbàdú. É nessa cabaça que céu e terra se unem, constituindo toda a existência e o equilíbrio entre a representação masculina e feminina, o frio e o quente. Esse fato liga o seu uso aos cultos de Obatalá, Oduduwá e Orunmilá.
A cabaça representa o Segredo (Awo), fato que é atestado durante uma cerimônia conhecida por “Ideká”, ou mais popularmente, como “Entrega de Cuia”. O termo ideká significa “transmissão de segredo”, fazendo parte do fechamento do ciclo de iniciação. Durante essa cerimônia, que só pode ser realizada após sete (7) anos de feitura, o iniciado ascende ao grau de Egbomí (irmão mais velho), podendo participar ativamente de uma série de cerimônias e atividades que antes lhe eram vetados. É nesse momento também que o mesmo pode receber (ou não) um Oye (cargo), que pode ser de Iya(Babá)lorisá ou outro qualquer (Iya Kekere, Iyábasé, Runsó (Jeje)). É interessante ressaltar que, passar pelo Ideká é um direito de todo aquele que possua sete (7) anos de iniciado e esteja com as obrigações em dia. Entretanto, em casas tradicionais, o recebimento de Oye (cargo) não é para todos, e vai depender do odú individual. Ou seja, nem todos os iniciados nascem para ocupar cargos, nem tão pouco para abrirem ilês.
É a cabaça também que ocupará lugar de destaque, durante o ritual do Asèsè, representando a cabeça do falecido.. Local onde todos depositarão moedas.. Durante o Ìpàdé, ritual de homenagem a Esú e todos os ancestrais masculinos e femininos (Iyá Mí), novamente lá estará a cabaça recendo diversas oferendas.
As folhas de Lagenaria vulgaris, extremamente amargas, são utilizadas para apressar o parto, porém seu uso freqüente e em grande quantidade pode causar hemorragias sérias. A espécie Crescentia cujete também possui capacidade de induzir a contração uterina, sendo considerada abortiva. Isso faz com que sejam consideradas folhas quentes (ewe gún). A cabaça é também utilizada na confecção de berimbaus e outros instrumentos musicais.
A cabaceira é considerada um dos atin (atinsá) do vodun Legba, sendo o mesmo assentado aos seus pés. A principal ferramenta de Esú é o ógó, que representa o próprio pênis de Senhor dos Caminhos Que Se Encontram. Nesse caso o ógó é enfeitado com duas cabaças, que representam os seus testículos, reiterando a sua função de procriador do mundo.
O seu fruto também está intimamente ligado a Esú e Ossayin. É no seu interior que esses orixás carregam seus ofós, preparados mágicos. Nesse caso costuma receber o nome de adò. São esses orixás os responsáveis pelo transporte do erù iyawo (carrego do iyawo), momento que cantamos ao final da Sassayin:
Òdàrà kó ba l’ayo
Órùn a f’Èsù
Ase lè be kó ba l’O
O que entregamos a Esù Odara
Que ele leve com alegria
O que entregamos a Esù
Força poderosa, suplicamos que ele leve
E também após o orukó iyawo (cerimônia do nome):
Erù pin (Orò pin)
Erù dà
Dá nise
Bó re adá
O carrego (rito final)
Você carrega silenciosamente
Sozinha e cansada
Ewe o! Laroye!
Por Jonatas Gunfaremí
ase o muy complacido con este tema, lastima que no se pueda divulgar mas y hacer una traduccion al español, ewe orisa, orisa ewe, ewe odara, onire ooooo
Agradecido Hugo. Ire o!!! A força dos orixas está em todos os cantos. Axé!