ÀJÓBI PUPÁ- AROEIRA VERMELHA (Schinus terebinthifolius)

Posted by on 4 de março de 2014

 

Aroeira vermelha

Árvore rústica de médio porte que alcança de 5 a 9 metros, encontrada amplamente nas regiões Norte, Sudeste e Sul do país. É uma planta dióica, ou seja, existem árvores fêmea e árvores macho. Também recebe os nomes populares de aguaraíba, aguará-ybá-guassú (Guarani), corneiba (Tupi), aroeira-branca, aroeira-da-praia, aroeira-do-brejo, aroeira-do-campo, aroeira-do-paraná, aroeira-mansa, aroeira-negra, aroeira-precoce, aroerinha-do-iguapé, bálsamo, cambuí e fruto-do-sabiá.

 

 

É uma espécie bastante resistente a condições ambientais pouco favoráveis para outros vegetais. Essa característica faz com que seja considerada uma espécie pioneira, já que consegue ser uma das primeiras a surgir e se estabelecer em áreas bastante degradadas. Esse fato a aproxima do orixá ao qual pertence, Ogun, Senhor dos Caminhos e detentor do título de Asiwajú, “Aquele que vem na frente”.

A aroeira muitas vezes é tida como uma planta invasora, pois se alastra com certa facilidade. Segundo os antigos quando colhida de tarde, com o Sol já quente é considerada folha de Exú, o Senhor dos Caminhos (Olonon), Aquele que está em todos os lugares, a quem todos devem render as primeiras homenagens. Isso faz com que seja uma folha quente (gun), por isso deve ser utilizada com certa precaução, podendo ser quizila para vários oris. Dizem até que não deve ser levada a cabeça.

 

As flores são melíferas, atraindo diversas abelhas. Seus frutos são pequeninos, em forma de cachos, e servem de alimento para diversas aves, como sanhaços e sabiás. Na França, seus frutos são conhecidos como pimenta-rosa e são bastante apreciados na culinária por seu sabor suave, servindo de base para molhos de carnes brancas, como aves e peixes. Sua utilização pelos franceses vem do século XVII, onde é conhecida até hoje como “poivre rose’. Seus frutos são, frequentemente, confundidos com a pimenta-do-reino. Interessante lembrar que Exú adora pimenta..

 

Costuma ser empregada na fitoterapia para o tratamento de doenças respiratórias, urinárias e afecções cutâneas (da pele). Nesses casos se utiliza principalmente a casca, podendo também se fazer uso das folhas e frutos. Por ser rica em óleos essenciais com atividade anti-microbiana, age no combate de diversos tipos de bactérias e fungos (ação anti-séptica). Segundo alguns estudos, o extrato de suas folhas apresentou ação antiviral para determinados tipos de vírus vegetais e ação citotóxica para diversos tipos de cânceres de pele. Seus principais princípios ativos seriam mono e sesquiterpenos, alcalóides, flavonóides, saponinas, resinas, taninos, esteróides, triterpenos e limoneno.

 

Embora seja utilizada como fitoterápico e tenha uma copa frondosa não é aconselhável se sentar em baixo de sua sombra. Isso porque a planta (seiva e casca) libera pequenas partículas contendo alquil-fenóis. Essas substâncias são extremamente alergênicas e podem causar urticárias, edemas na pele, febre e até dificuldade em enxergar. Mais uma constatação de que se trata de uma folha quente e que deve ser utilizada com cuidado, principalmente em banhos e sacudimentos.

 

É uma das principais árvores do Ilè Igbó (espaço mato do terreiro), onde costuma ser utilizada nas grandes obrigações, especialmente quando ocorre sacrifício de animais de quatro patas, sendo a mesma espalhada pelo chão onde se dará o ritual. Nesse caso o animal será conduzido até o local com algumas folhas de aroeira, que deverão ser comidas pelo mesmo. Ocasião onde são entoados pelo Asógún os seguintes cânticos:

 

“Mo rúbo, mo rúbo sé, morúbo” (Eu ofereço o sacrifício, em troca.)

 

“Eran òrìsà, Ló gbe ‘wé o” (O animal do orixá se utiliza das folhas).


Exu- Exposição Agbara Orixás/ Galeria Cândido Portinari (UERJ) 2012/ Artista: Sidiney Rocha

A segunda cantiga também costuma ser entoada da seguinte forma: “Eran òrìsà, Òrìsà ko be re o”. Conforme a Tradição do Candomblé, o animal não pode ser sacrificado de barriga vazia, sendo sempre oferecido ao mesmo folhas de aroeira, cajazeira (Spondias mombin) ou até goiabeira (Psidium guayava).

 

 

 

 

 

 

A aroeira é uma folha por excelência do ritual de sacrifício animal, estando por isso novamente ligada a Ogun, orixá que carrega o título de Bàbà Irin (Senhor dos Metais) e a Exú Olòbe (Senhor da Faca). Também pode ser espalhada no chão do barracão nas festas em louvor a Ogun e Exú, para afastar qualquer energia negativa que possa interferir na ocasião.

Oxóssi, irmão de Exú e Ogun. Rei de Ketu.

Ogun- Artista Sidiney Rocha/ Agbara Orixás (UERJ) 2012

TEXTO ESCRITO POR JONATAS GUNFAREMIM

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*