JÓKÓNIJÉ- CIPÓ-DE-COBRA (Cissampelos owariensis)

Posted by on 4 de abril de 2015

 

Cissampelos owariensis flor

O Cissampelos owariensis é uma planta medicinal pertencente a família das Menispermaceas que costuma ser conhecida no Brasil por diversos nomes: abuta, cipó-de-cobra, parreira-brava e videira-do-mato. O nome cipó-de-cobra pode ser associado ao habito da planta, que se enrola nos galhos de outros vegetais e forma grandes cipós parecidos com uma serpente. Já a denominação videira se deve ao fato de diversas espécies dessa família possuírem frutos em cachos, parecidos com uvas. A abuta, além de possuir um hábito de trepadeira é uma planta dióica, ou seja, possui indivíduos masculinos e femininos. Uma forma realizar a identificação seria a através da observação das flores, que nascem em cachos, bem pequenas e de coloração amarelada. As flores femininas possuiriam uma pétala e uma sépala apenas, enquanto as masculinas teriam quatro pétalas e quatro sépalas.

 

 

 

Cissampelos pareira

A espécie Cissampelos pareira variedade: owariensis teria origem no Continente Africano, na Serra Leoa, Uganda, Angola, Zâmbia e Moçambique. Em Gana recebe o nome de folha de veludo e orelha de rato (Akan-asante akuraso) devido a textura e ao formato de suas folhas. Os povos do sul da Nigéria, Ukwuani e que guardam uma proximidade cultural grande com os Igbo, a chamam de ebubueka enwe. Na Nigéria Ocidental recebe o nome de jokoje, que na língua Yorubá significaria “hora de parar com abortos”. O nome se deve ao fato da mesma ser uma planta extremamente conhecida na Nigéria para o tratamento local de gravidez difícil e para evitar ameaça de aborto.

 

 

 

 

Cissampelos pareira

No campo da fitoterapia o cipó-de-cobra é uma espécie extremamente utilizada no continente africano. Na Nigéria, a seiva das folhas é usada para curar a dor de cabeça e o rizoma é por vezes utilizado na preparação de flecha envenenada. No Congo, a decocção de suas hastes misturada com as folhas de outras plantas é usada como uma lavagem para o tratamento de feridas. Ainda no Congo, a seiva folha é aplicada a inchaços, e é tomada como um estomacal. No sudeste da Tanzânia o rizoma ralado é aplicado para picadas de cobra. As partes aéreas são usadas para tratar amnésia e psicoses e na preparação de medicamentos tônicos. Em Uganda, foi utilizada para o tratamento de dor de estômago em crianças, os ramos e as folhas também têm sido utilizados na cura de queimaduras.

 

 

 

 

 

 

Uma infusão de rizoma amargo, folhas ou caule de Cissampelos owariensis é usado para curar queixas gastrointestinais, como diarreia, disenteria, cólicas, e vermes intestinais. Folhas e rizomas ou seu cinzas são amplamente utilizados em várias formas para tratar abscessos, úlceras e a sarna.

Diferentes partes da planta são utilizadas no tratamento de problemas menstruais, infertilidade e doenças venéreas. Ele é utilizado para induzir a contração do útero e iniciar o trabalho de parto, e também para causar aborto e para expulsar a placenta. Mulheres do povo Bini, na Nigéria, utilizam as folhas para promover o crescimento fetal durante a gestação.

 

 

Quando as folhas são esmagadas, maceradas ou cozidas podem ser tomadas internamente para a diarreia, para promover o fluxo menstrual e durante a menstruação dolorosa ou irregular. A raiz é muito amarga e tem muitos usos medicinais. Ela ajuda na infertilidade, ajudar na gravidez difícil e evitar ameaça de aborto. Quando mastigada (raiz) com nozes do tigre (rizoma de Cyperus esculentus) passa a ter função afrodisíaca. No Brasil a noz do tigre é conhecida pelo nome de dandá.

 

Embora seja uma planta de origem africana e amplamente utilizada nesse continente o cipó-de-cobra também é muito conhecido nas Américas, principalmente pelas diversas tribos indígenas amazônicas que utilizam suas raízes, folhas e cascas para estancar hemorragias, curar dores pré e pós-natal e problemas menstruais. Outra função seria de analgésico oral e febre a partir da decocção das folhas (Tribo Waiãpi). O chá das raízes é usado como diurético, febrífugo, expectorante e para prevenir risco de aborto. Os índios Palikur, das Guianas, a utilizam como anestésico tópico. Em uma receita para agilizar o parto, as folhas devem ser trituradas e colocadas em uma pílula que deverá ser inserida no interior da vagina. Os Quíchuas, do Equador, preparam uma decocção com as folhas para curar infecção nos olhos, picada cobra e também no preparo do curare.

 

Jókónijé

A análise fitoquímica do extrato de etanol obtido das folhas de C. owariensis mostra que ele contém em alta concentração diversos fitoquímicos como: saponinas, taninos, flavonóides, e também alcaloides.

 

 

Akónijé

Nas casas de Candomblé a espécie C. owariensis costuma ser chamada de Kassahe (Jeje Mina) e akónijé, jókónijé ou jókójé (Iorubá). Dentro das casas de Ketu costuma-se dizer que seu nome significa “sentar para comer”, sendo por isso muito utilizada durante o processo de iniciação. É considerada uma folha eró indispensável para uma boa feitura, guardando consigo vários segredos, como por exemplo, o mistério da fala e do “aquietamento” dos filhos de santo.. Costuma ser associada aos orixás Oxum, Ossaiyn e Oxóssi. É interessante ressaltar que o jókónijé costuma ser confundido com uma outra folha muito parecida, conhecida pelo nome africano de tolu tolu ou em português jarrinha/ cipó-mil-homens (Aristolochia cymbifera). Embora até costumem ser utilizadas com finalidades parecidas se tratam de plantas diferentes. Pode-se dizer que o tolu tolu está para o jókónijé assim como o abamodá está para o odundun, uma espécie de ewé erú (folha escrava/substituta).

 

 

TEXTO ESCRITO POR JONATAS GUNFAREMIM

TEXTO ESCRITO POR JONATAS GUNFAREMIM (PLÁGIO É CRIME- CITE A REFERÊNCIA)queima de 48

 

Algumas Referências:

Cissampelos owariensis: Experimental review Erhirhie O. Earnest, Moke E. Goodies and Chinwuba Paul. The Pharma Innovation Journal 2015; 3(11): 75-77

Anti-diabetic effect of ethanol leaf extract of Cissampelos owariensis (lungwort) on alloxan induced diabetic rats Ekeanyanwu, R. C. *, Udeme, A. A. , Onuigbo, A. O. and Etienajirhevwe O. F. African Journal of Biotechnology Vol. 11(25), pp. 6758-6762, 27 March, 2012

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*