TAMBA TAJA- PATIÒBA (Xanthosoma atrovirens appendiculatum)

Posted by on 2 de março de 2019

As plantas curadas e os tajas encantados.

 

 

 

Tamba taja

Conta uma antiga lenda que a esposa de um índio da tribo Macuxi, ficou paralítica depois de ser acometida por uma grave doença. Apaixonado pela mulher, o índio construiu uma tipoia especial e passou a carrega-la nas costas para onde quer que fosse.

Um dia, enquanto caminhava com ela pela floresta, percebeu algo errado. Ao desamarra-la das costas, descobriu com tristeza que a esposa havia falecido. Despedaçado, o índio cavou uma enorme cova, e nela enterrou-se junto com a amada.

Tempos depois, na lua cheia, do exato lugar aonde o casal estava sepultado, brotou uma planta totalmente desconhecida da tribo: era o Tamba-Tajá, um vegetal de folha verde escuro na frente e que no verso carrega outra folha menor, cujo formato possui certa semelhança com a forma do órgão genital feminino. Do amor do casal de índios, nascera aquele tajá encantado!

No Pará, uma crença muito forte, afirma que quem cultiva algumas espécies plantas, tais como os Tajás, só precisa “curá-las”, para que possa libertar um espírito guardião, que existe dentro delas. A partir do momento em que é libertado, esse espírito passa a proteger o lugar onde vive, afugentando intrusos e outras visitas inesperadas.

O termo “curar” utilizado neste caso, refere-se a uma espécie de feitiço que se faz na planta, através da prática frequente de regar seu pé, com a água que se usa para lavar a carne, e também com cachaça.

Muitas pessoas que dizer ter visto o espírito do guardião, descrevem-no como um enorme índio, de olhar severo. Há também quem afirme ter visto um homem alto e forte, comparando-o a um guerreiro africano.

Várias plantas, são utilizadas para essa finalidade, mas algumas das mais “curadas”, além do Tamba-Tajá, são, a Espada de São Jorge, o Rio Negro e o Comigo-Ninguém-Pode.

Para quem quer arriscar-se a “curar” uma dessas plantas, fica o aviso: depois de ser desperto, o espírito do vegetal, passa a aparecer, independente da vontade de quem o “curou”.

FONTE: FACEBOOK

 

 

OS TAJÁS, AMULETOS DO AMOR

O caboclo amazônico tem para sua contemplação a pujança e a beleza da floresta. Assim, nada mais natural que encarnasse seu imaginário em árvores e plantas bem como atribuísse às mesmas poderes sobrenaturais.

Não é apenas pelo seu feitio decorativo que os tajás são festejados na Amazônia como planta de estimação. No vocabulário botânico são conhecidas como tinhorões ou calúdios.

Mais do que graça e beleza os tajás possuem segredos e mistérios que só a alma cabocla entende e aprecia.

O Tambatajá, palavra derivada do tupi – Tãbata’ya – é uma trepadeira vertical das matas úmidas. O verde é brilhante. Na parte inferior de suas folhas maiores, têm outra folha menor, com interior às vezes avermelhado.

São de grande variedade no Brasil: tajá preto; tajá-panema; tajá-embá; tajabeda; tajapeba; tajá-pinima; tajá-pintado; tajá-vermelho; tajá-puru; tajá-piranga; tajá-de-sol; tajá-membeca etc.

Aos tajás correspondem atributos. Por exemplo, quem carrega uma raiz de tajá-puru garantirá muita sorte e sucesso na caça e na pesca.

O tajá é visto em profusão nas casas de Belém e Manaus e espalha-se pelas habitações de todo o interior, graças aos poderes secretos que lhe emprestam os mestres da pajelança local.

O tajá para ter poderes, precisa passar por uma preparação de acordo com a finalidade almejada. Normalmente, deve ser regado todas as sextas-feiras de lua nova ou cheia.

Os que conhecem a lenda do Tambatajá sabem a narrativa do surgimento dessa planta e o porquê da população amazônica ribeirinha creditá-la como amuleto do amor.

Em virtude dessa crença o caboclo da Amazônia costuma cultivar esta curiosa planta, atribuindo-lhe poderes místicos. Um deles, por exemplo, é que se em determinada casa a planta crescer viçosa e com folhas exuberantes, trazendo no seu verso a folha menor, é sinal que ali existe muito amor; mas se nas folhas grandes não existirem as pequeninas, então o amor não está presente naquele lar. Por outro lado, se porventura a planta apresentar mais de uma folhinha em seu verso, é sinal de que então existe infidelidade entre o casal.

 

 

Tamba taja_Ilustração de @angelim_anjosart

A LENDA DO TAMBATAJÁ

A lenda do Tambatajá é sobre o amor entre índios de tribos inimigas.

Existia, certa vez, um casal de índios tão apaixonados como nunca houvera naquela região. Uiná, belo e corajoso guerreiro da tribo Taulipang e Acami, linda cunhã da tribo Macuxi.

Acontece que as duas tribos eram inimigas, o que tornava o amor impossível. Entretanto, os jovens índios enfrentaram os costumes porque seu amor era muito maior que preconceitos.

Praticamente expulsos de suas tribos, foram morar do outro lado do rio Tucutu, onde viviam uns parentes do índio. E nunca se separavam: se ele ia pescar, ela ia também; se ela ia banhar-se, ele ia também, se ele ia para a roça ou caçar, ela ia também.

Mas a felicidade do casal não iria durar muito. Acami ficou grávida e seu filho nasceu morto. Ficou tão fraca que não conseguia caminhar direito, até o dia em que não conseguia mexer as pernas. Uiná então recolheu talos de palmeiras e gravetos e fez uma espécie de maca. Todo o dia amarrava Acami à maca e a carregava em suas costas onde quer que fosse.

Certo dia saíram pelo campo e não voltaram. Alguns foram à procura do casal e, só depois de muitos dias, encontraram: o arco, as flechas e o perequeté (sandália usada pelos índios para andar nas matas) do índio: a tanga, os brincos e as pulseiras da índia.

Entretanto, também ao redor desses pertences, encontraram moitas de um verde brilhante que jamais haviam visto.

Do corpo da índia e do companheiro, teria nascido aquela planta. Era o Tambatajá. Suas folhas eram duplas, em cima, a folha maior, representando Uiná e sob ela, uma folha menor, no formato de um órgão sexual feminino, representando Acami.

Foi assim que nasceu o Tambatajá. A população amazônica ribeirinha acredita que a planta age como um amuleto do amor

O Tamabatajá é o real, é o concreto dessa lenda do amor impossível de ser superado quer na vida ou na morte.

Um amor que,  como a planta Tambatajá, é mortal, mas, ao mesmo tempo, é imortal porque continua renascendo.

Uiná e Acami não morrem. Transfiguram-se ao renunciarem à vida para gerar o Tambatajá, planta que nasce e renasce em sucessivos rebrotar.

A representação do amor pelo Tambatajá não é de uma figura isolada de homem, ou de mulher, mas a reunião do casal numa unidade.

Mais do que o amor rebelde de Romeu e Julieta separados pela morte, os amantes indígenas dessa lenda amazônica encarnam um amor que vence a morte.

Uiná e Acami não morreram vivem para sempre encantados no Tambatajá.

 

FONTES: Livro – “Cultura Amazônica ” – de João de Jesus Paes Loureiro; e alguns sites , destacando-se Wikipédia.

 

 

Tamba taja, também conhecido como tinhorão ou caladium.

Tambatajá

Com a beleza da floresta,

com a grandeza dos rios,

a Amazônia tece a festa

de lendas em fios.

 

Nem a noite, nem o dia,

nem o sol, nem o luar,

coisa alguma existia,

que os fizesse separar.

Aonde um ia o outro ia,

como sombras a namorar.

 

Partiram um dia,

para nunca mais voltar.

Junto ao que lhes pertencia,

os que saíram a procurar,

viram os dois a se amar,

encantados num Tambatajá.

 

Ele, taulipang, ela, macuxi.

Ela, Acami, ele, Uiná.

Amor que venceu a morte

e renasceu no Tambatajá,

amor que venceu a morte

e renasceu no Tambatajá.

FONTE: https://www.recantodasletras.com.br/artigos/1436264

 

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