Em um lindo dia ensolarado Iemanjá encontrou na praia uma pequena criança, que havia sido abandonada por sua mãe, Nana. Essa criança foi chamada Xaponã, nome dado pela Mãe das Àguas e Senhora dos Seios Chorosos. Nana o abandonara, por seu filho ter nascido com o corpo coberto de chagas. E assim resolveu deixa-lo na beira do mar. (gunfaremim.com)
Quando Yemanjá o achou, Ele estava sendo ferido por diversas “aranholas” (caranguejos), que arranhavam suas feridas. Nesse momento, esse animal foi amaldiçoado e banido da alimentação dos homens. Pois bem, a Grande Mãe das Águas cuidou da criança, incumbindo a pequena Oya de estender diariamente uma eni sobre a areia, para que pudesse cuidar de suas feridas.
Para que Ele se acalmasse, lhe oferecia muitas “flores”, doburu. E o tempo foi passando e Xaponã foi crescendo. Ainda haviam algumas feridas, e Xaponan, sempre se inkizilava com as brincadeiras e tentava fugir para a floresta. Mas Iemanjá , paciente e resignada sempre ia procurar por seu filho o trazendo de volta. (gunfaremim.com)
Foi quando ela teve uma ideia: colocar um guizo na criança, para que onde ela estivesse pudesse ser encontrada. E assim, Xaponã nunca mais se escondeu de sua Mãe.
Hoje revivemos esse itan no momento de reclusão da iniciação. Todo o barco carrega o xauro, e o kele, como sinal de sujeição ao seu orixá. O xauro nos indica se o iyawo está muito agitado, se está quietinho, se está onde não deveria. Pelo seu barulho sabemos se o Ere está presente, aprontando alguma artimanha.
Em nossa Tradição, o xauro pertence à casa, sendo usado por todos os barcos que se seguem. Ser o primeiro barco é carregar muito mais responsabilidade, é ser sempre a primeira referência, daqueles que virão em seguida.
Ao primeiro barco não tem colher de chá, a mão sempre pesará com mais força, estejam preparados, não vou mentir para vocês. Ser primeiro barco é sustentar a camisa da casa, do princípio até o fim. (gunfaremim.com)
Usar xauro é uma das primeiras formas de entender o Candomblé. Feito através da obediência, confiança e no calar. Só quem aprende isso pode usar o xauro, para assim poder ser iniciado e ter as suas feridas curadas. Renascendo para seu orixá.
Nosso jovem Xaponã cresceu, aprendeu a ser obediente a sua mãe, teve todas as suas feridas curadas, e nunca mais precisou se esconder. Na verdade, se tornou um grande guerreiro, tão temido que seu nome deixou de ser pronunciado..
Se tornara Obaluaye, O Rei e Senhor do Mundo..(gunfaremim.com)
Que o Senhor da Quentura nos permita dias mais felizes e nos proteja de Arun (a doença) e Iku (a morte)!
Atoto! Silêncio, Ele está entre nós..
TEXTO ESCRITO POR GUNFAREMIM
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