Omolu e seu xauro

Posted by on 15 de abril de 2020

Em um lindo dia ensolarado Iemanjá encontrou na praia uma pequena criança, que havia sido abandonada por sua mãe, Nana. Essa criança foi chamada  Xaponã, nome dado pela Mãe das Àguas e Senhora dos Seios Chorosos. Nana o abandonara, por seu filho ter nascido com o corpo coberto de chagas. E assim resolveu deixa-lo na beira do mar. (gunfaremim.com)

Quando Yemanjá o achou, Ele estava sendo ferido por diversas “aranholas” (caranguejos), que arranhavam suas feridas. Nesse momento, esse animal foi amaldiçoado e banido da alimentação dos homens. Pois bem, a Grande Mãe das Águas cuidou da criança, incumbindo a pequena Oya de estender diariamente uma eni sobre a areia, para que pudesse cuidar de suas feridas.

Para que Ele se acalmasse, lhe oferecia muitas “flores”, doburu. E o tempo foi passando e Xaponã foi crescendo. Ainda haviam algumas feridas, e Xaponan, sempre se inkizilava com as brincadeiras e tentava fugir para a floresta. Mas Iemanjá , paciente e resignada sempre ia procurar por seu filho o trazendo de volta. (gunfaremim.com)

Iemanjá e Omolú - Curso na caridadeFoi quando ela teve uma ideia: colocar um guizo na criança, para que onde ela estivesse pudesse ser encontrada. E assim, Xaponã nunca mais se escondeu de sua Mãe.

Hoje revivemos esse itan no momento de reclusão da iniciação. Todo o barco carrega o xauro, e o kele, como sinal de sujeição ao seu orixá. O xauro nos indica se o iyawo está muito agitado, se está quietinho, se está onde não deveria. Pelo seu barulho sabemos se o Ere está presente, aprontando alguma artimanha.

Em nossa Tradição, o xauro pertence à casa, sendo usado por todos os barcos que se seguem. Ser o primeiro barco é carregar muito mais responsabilidade, é ser sempre a primeira referência, daqueles que virão em seguida.

Ao primeiro barco não tem colher de chá, a mão sempre pesará com mais força, estejam preparados, não vou mentir para vocês. Ser primeiro barco é sustentar a camisa da casa, do princípio até o fim. (gunfaremim.com)

Usar xauro é uma das primeiras formas de entender o Candomblé. Feito através da obediência, confiança e no calar. Só quem aprende isso pode usar o xauro, para assim poder ser iniciado e ter as suas feridas curadas. Renascendo para seu orixá.

Nosso jovem Xaponã cresceu, aprendeu a ser obediente a sua mãe, teve todas as suas feridas curadas, e nunca mais precisou se esconder. Na verdade, se tornou um grande guerreiro, tão temido que seu nome deixou de ser pronunciado..

Se tornara Obaluaye, O Rei e Senhor do Mundo..(gunfaremim.com)

Que o Senhor da Quentura nos permita dias mais felizes e nos proteja de Arun (a doença) e Iku (a morte)!

Atoto! Silêncio, Ele está entre nós..

Omolu e Iemanjá | Candomblé - Ensino e Pesquisa Amino

TEXTO ESCRITO POR GUNFAREMIM

Palestras: Email para contato: posseidonetuno@hotmail.com

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