ESCLARECIMENTO DO AUTOR DO BLOG

Posted by on 24 de novembro de 2010

EXÚ- Escultura em cerâmica: Carmem Barros (2003)

Prezado irmão Baby,
me perdoe não chamá-lo pelo seu nome, é que ainda  não sei o mesmo. Fico lisonjeado pela forma de tratamento (Babá), porém prefiro ser chamado por irmão ou amigo. Fico feliz quando consigo compartilhar com alguém o pouco conhecimento que tenho, entretanto em momento algum do meu blog escrevi que era portador de tal oye (Babálosanyin). Embora já possua meus sete anos de iniciado, não tenho meu odú ige pago. Aprendi ao longo de minha vida de iyawo, com os meus mais velhos, que tudo tem seu tempo certo. Um médico não pode clinicar antes de ter terminado a sua faculdade. Etapas não devem ser quebradas, portanto jamais poderia receber um cargo sem ter antes passado pela cerimônia do Deka. Sabemos que, para muitos hoje em dia isso não é mais de grande importância, porém eu acredito em um Candomblé sério e responsável. Se quisermos manter essa religião viva devemos aprender a respeitar o que nos foi ensinado pelos que vieram antes de nós.

Quando comecei a escrever o blog nunca tive a pretensão de dizer às pessoas o que era certo ou errado, da mesma forma não pretendo dar consultas on line ou explanar sobre fundamentos de axé. Acredito que isso deve ser aprendido na sua casa, na vivência, no dia a dia com o seu zelador e irmãos. A idéia que eu tenho é sim, trocar informações que ajudem a entender algumas questões que envolvem a cultura em que estamos inseridos. FUNDAMENTO SE APRENDE NA SUA CASA DE CULTO! Tudo que escrevo no blog é resultado de um processo de diferentes vivências e fruto de muita pesquisa. Graças a meu Pai Ogun tive (e tenho) a oportunidade de aprender com pessoas extremamente competentes e conhecedoras da nossa religião. Como um bom filho do Senhor dos Caminhos, não sou de ficar esperando que as informações caiam de pára-quedas e vou atrás do conhecimento.

Outra coisa que a vivência no Candomblé me ensinou, é que não é de bom tom ficar perguntando demais, devemos estar sempre atentos e saber ler nas entrelinhas. Talvez seja por isso que dizem que nós, filhos de Ogún, adoramos “catar” as informações… Entendo que o conhecimento é como o axé, não pode ficar estático, tem que estar em constante movimento, circulando. Obviamente devemos respeitar o awo (segredo), a que estamos sujeitados enquanto iniciados, porém determinadas informações não devem ser exclusividade de uns poucos. Cada um de nós deve procurar conhecer e estudar a religião que pratica, se todos fizéssemos isso com certeza determinadas loucuras não seriam mais realizadas por aí. Quando entendemos realmente algo, fica mais fácil aprender a respeitar. Também não gosto de ficar sentado falando mal dos outros, procuro fazer algo que possa ser útil para alguém, por isso escrevo…

Você me pergunta duas coisas, sobre a existência de um korin ewé para a folha da colônia (toto) e sobre o nome do blog. Pois bem, no momento não me recordo de um korin ewé para essa folha, talvez alguém que venha a ler esse tópico possa nos passar esse cântico. O nome Gunfaremí, embora muitos possam pensar, não é o meu orukó de iniciado. Posso dizer que seja um apelido carinhoso, que ganhei de uma pessoa muito especial, após a minha iniciação. Embora acredite que não seria nenhum problema torná-lo público, uma vez que Ogún gritou bem alto para que todos o ouvissem na Festa do Nome, sigo as regras que o meu axé me impõe. Portanto, não costumamos nos chamar pelo orukó.

No email você cita Okaran, odú agbá, que tenho muito respeito e admiração, pois o mesmo rege a comunicação. Ora, não poderia estar escrevendo e me comunicando se okaran não me permitisse. Posso dizer que graças a Esú, Senhor da Comunicação, e que freqüentemente caminha por esse odú, as informações que procuro sempre chegam até mim. Por isso vou postar aqui um itan ligado a esse odú:

“Conta a lenda que Olodumare permitiu que Obatalá criasse o homem. Esse primeiro ser recebeu o nome de Iselé. Entretanto Iselé se sentia muito só e foi pedir a Obatalá que lhe concedesse uma esposa. Obatalá então pediu que um eborá ajudasse Iselé a realizar o seu desejo. O eborá porém não aceitou a ordem de Obatalá e se revoltou. O Senhor dos Panos Brancos, diante da desobediência do eborá enviou o mesmo para o interior da terra, que arrastou consigo toda a sua revolta. Quando o mesmo lá chegou, encontrou uma pedra vermelha (laterita) e alimentou a mesma com um akasá pupa (vermelho). Ali nasceu Okaran, parido da insubordinação e da desobediência.”

Okanran ki kara ko ma fonja ki ma fikan iya kosi kan.

Saudemos Okaran, Eu me perdi num local onde imperam a falsidade e a traição, Más agora parto em busca de um lugar melhor, Onde exista apenas sinceridade.

Vamos aprender com Okaran, que nos ensina que o desrespeito e a falsidade não nos leva a lugar nenhum. Somos todos irmãos, nossa caminhada deve acontecer juntos. Asé! Asé! Asé!

Ogún- Escultura em cerâmica: Carmem Barros (2003)

0 Responses to ESCLARECIMENTO DO AUTOR DO BLOG

  1. notle

    olá ,boa tarde ! irmãos e irmãs de asè. Gostaria de tirar uma duvida pessoal minha , queria saber se é correto canta opanijé ? por que sempre vou a candomblé e vejo em algumas casa cantarem na hora do ato da dança de omolú e em outras casas dizem que é errado. se possivel me informe por que já procurei e não consigo resposta claras.

    desde já lhe agradeço pela atenção obrigado!

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