MUDAS DE PLANTAS SAGRADAS (FOLHADEORIXA.BLOGSPOT)

Olá amigos, tenho recebido muitos pedidos de irmãos e amigos procurando por mudas de plantas sagradas, como akoko e iroko. Não comercializo e nem produzo tais plantas, entretanto, indico o blog de um amigo que já possui há um certo tempo um trabalho fantástico com mudas de plantas utilizadas nas religiões de matriz africana.

Segue abaixo o endereço de seu blog e seus contatos;   http://folhadeorixa.blogspot.com.br/

Despacho para todo Brasil.

Fone:res. (16)33423809

vivo(16)99928274

tim (16)82206984

Você pode entrar em contato diretamente com o produtor através do email:

reginaldo.fernandesdemelo@facebook.com ou ainda reginaldomelof@hotmail.com.

https://www.youtube.com/watch?v=SfnAnBCiXZ0

 

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ÈSÙ E ÒSÀNYIN

Jardim Botânico do Rio de Janeiro

 

Òsanyìn, ó jé òrìsà pàtàkì nínú àwon òrìsà tí wòn jo wá sí ayé,

Odù, ifá tí ó rò wá sí ayé ni Òsé-eníwo yí n’lò ro Òsanyìn wá sí òde ìsálayé.

Èsù Òsanyìn yí n là n pè ní Èsù Ìlàré.

Èsù Ìlàré yí ni Èsù ó bá Òsanyìn wa sí òde ìsálayé tó si jé  wí pé n ní mòòò ló, tí ó bá rúbòodún Èsù Ìlàré ni yíò gbé ebo réesé Olódùmarè ní bùda-ebo.

Òsanyìn ni òrìsà tí ó jé, eni tò jé olóríi

Ajáwé-wagbò soògùn, ó si jé molése pé gbogbo òun tí àwon molé yòó kú mò se fún omo won àti aráyé gbogbo n lòun náà mòo se.

Èsù Ìlàré ni Èsù Òsanyìn tí ò wà fún Òsanyìn ní òde Ìsàlayé.

 

 

Jardim Botânico do Rio de Janeiro

 

Osanyin é um importante orixá dentre aqueles que vieram juntos ao mundo. O odu de Ifá que o acompanhou ao mundo é Òsé-eníwo.

O Exu de Osanyin é chamado Exu Ìlàré, ele o acompanhou ao aiê. Quando Osanyin está fazendo as oferendas, ele precisa da ajuda de seu Exu. Exu Ìlàré carrega suas oferendas até Olodumarê, no lugar apropriado, onde as oferendas são aceitas.

Osanyin é a cabeça de Ajáwé-wagbò soògùn, o herbalista entre os orixás. Ele é um imalé cuja conduta é semelhante à dos outros imalés. Ele concede seu auxílio às criaturas e aos povos do mundo. Exú ìlàré é o Exu de Osanyin.

 

Jardim Botânico do Rio de Janeiro

FRAGMENTO RETIRADO DO TEXTO DE IFÁ, RECITADO PELO BABALAWO IFATOOGUN, DE ILOBU, NIGÉRIA.

O TEXTO NA INTEGRA ENCONTRA-SE NO LIVRO: ÈSÙ. JUANA ELBEIN DOS SANTOS E DEOSCOREDES MAXIMILIANO DOS SANTOS (MESTRE DIDI ASIPA)- SALVADOR; CORRUPIO, 168p, 2014.

 

ÈSÙ- Juana Elbein dos Santos e Deoscoredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi

 

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WORKSHOP SOBRE PLANTAS LITÚRGICAS- EDUARDO ABIODUN

Akoko, a folha dos Reis

Igi Aridan

Ewé Etó

Ewé Ogbó, a grande orelha que sempre nos ouvirá

E assim foi um pouquinho do workshop ministrado pelo Babalorisá Eduardo de Ayrá (São Pedro).

CONTATOS: (21) 96554-8962/ 99253-1255/ 2766-9441 ou pelo email:  edu.161207@gmail.com

 

 

 

 

Almoço

Ajeum odara

Participantes atentos

Café de boas vindas

Ewe Alékèsì- São Gonçalinho

Ewé oférè- Folha da amizade

Uma piperácea em destaque e o nosso àlùmón (boldo paulista) o amargo que resolve

Ewé etó, folha da vida longa

Ewé sasará

Ewé jokonijé (jarrinha) se enrolando no àlùmón

Sob a copa de Ìrókò (Ficus doliaria)

Explanando sobre as folhas sagradas

Fará imóra Olúwo F’ará imóra Araketu ‘Wúre Fará imóra!

Sistema de classificação botânica Jeje-Nago

Nossa jureminha (Vitex agnus castus)

Babá Eduardo de Ayrá (ao fundo nossa saudosa Iyá Nitinha de Osun)

Gunfaremim e Pèrègún

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WORKSHOP SOBRE PLANTAS LITÚRGICAS DO CANDOMBLÉ

WORKSHOP SOBRE PLANTAS LITÚRGICAS NO CANDOMBLÉ – 10 DE AGOSTO DE 2014  – VAGAS LIMITADAS. – MINISTRADO PELO BABALORIXÁ EDUARDO NAPOLEÃO (SÃO PEDRO)/ AXÉ ENGENHO VELHO – NÃO PERCAM!

 

CONHEÇA MAIS SOBRE FOLHAS E  O TRABALHO DE EDUARDO ABIODUN ACESSANDO O SEU  BLOG:

http://ewif.blogspot.com.br/

 

 

Livro publicado por Eduardo Napoleão e seu irmão de barco, José Flávio Pessoa de Barros

 

Babalorixá Eduardo de Ayrá

Mãe Nitinha de Oxum e Babalorixá Flávio de Oguian

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IGI, AS GRANDES ÁRVORES SAGRADAS

 

Ceiba pentandra/ Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Nas religiões de matriz africana o culto as árvores sagradas é de fundamental importância. São as grandes árvores que servirão de morada e local especial para o culto de diversas divindades como Iroko, Iyá Mi Eleye, Egun, Opaoká, Gunuko, Idanko, Azanado, Oloroke e Ktempo. Essas árvores podem ser identificadas pela presença de grandes ojás, que podem ser brancos ou coloridos, dependendo da divindade a qual estão ligadas.

Quanto mais antigas forem, maior será considerado seu axé e sua força. Elas desempenham um papel muito importante no cotidiano das casas de Candomblé. São feitas súplicas, rezas e aos seus pés são depositados diversas oferendas, podendo inclusive receber sacrifícios de animais. É habito comum em diversas casas que todo o resto do banquete destinado a Omolú, na festa do Olubajé, seja depositado nos pés de Iroko ou outra árvore sagrada do terreiro. Outro hábito interessante é que toda louça ou quartinha que se quebra vá para os pés de Iroko, como se de alguma forma o mal que poderia afingir um membro da casa tivesse sido transferido ao objeto e fosse apaziguado pela força de Iroko. Os antigos diziam que são as raízes e o galhos de Iroko que seguram a casa de santo e qualquer tipo de demanda direcionada para o terreiro.

 

Ceiba pentandra- Copa- Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Na Tradição Fon, seguida pelos Jeje, as árvores são chamadas de atín. Cada vodun pode ser cultuado aos pés de sua árvore votiva. Alguns antigos diziam que quando o vodun se aproxima o seu atin-sá (galho da sua árvore sagrada) balança, pois o “vento sagrado” está tomando conta de sua vodunsi.

 

Os povos de língua Bantu, conhecidos como Nação Angola, cultuam um nkisi muito confundido com o orixá Iroko dos Yorubás e com o vodun  Loko dos Jeje. Seu nome é Ktembo/Ndenbwa, ou ainda, Tempo. Kitembo também é cuidado aos pés de uma grande árvore, que pode ser a gameleira branca, a cajazeira ou o jenipapo. Ele pode ser identificado por uma bandeira branca de morim, pendurada em uma grande haste de bambu que fica enterrada próxima a árvore. Para Ele cantamos: “Kitembo mavila, Kasanje eazile!”

Na Nação Efon se canta até hoje: Oloke inmole sinse Oloke inmole sehin ose/ Asé b’ose Ekiti Ase b’ose Ekiti (Oloke orixá adorado na árvore Ose (Baobá), Axé que cultuamos e adoramos ao pé da árvore Ose, em Ekiti. Essa cantiga faz alusão ao orixá Oloke (Oloroke) que assim como Iroko tem uma árvore como seu símbolo, no caso, o baobá.

 

 

Espíritos das árvores- Foto retirada da internet

O povo Iorubá denomina as grandes árvores por Igi. Segundo algumas lendas contadas nas casas de Tradição Ketu todas as ávores estão ligadas a Oxalá e a diversos espíritos que as habitam, conhecidos por Iwin. É interessante ressaltar que dentro do folclore iorubano os iwin são espíritos da floresta e que podem assumir um aspecto não muito gentil, sendo bastante temidos. Nesse caso, também existiriam os òrò igi, que seriam o próprio espírito das árvores.

 

Dentre as árvores mais importantes podemos citar algumas:

 

Igí Okinkan/ Ìyeyè (Spondias lutea)- Cajazeira/ Cajá-mirim

 

Igí Òpè (Elaeis guineensis)- Dendezeiro

 

Igí Àràbà/ Igí Olorun/Gédé Hunsu (Ceiba pentandra)- Sumaúma

 

Igí Àrìdan (Tetrapleura tetraptera)- Aridan

 

Igí Osè/ Akapassa’tin (Adansonia digitata)- Baobá

 

Baobá- Foto da internet

O plantio dessas árvores, algumas vezes, pode ser um ato ritualístico, onde diversas evocações aos ancestrais e divindades são recitadas. A forma com que cada casa realiza, quando realiza, esses rituais é muito particular e pode seguir tradições já pré-estabelecidas pelo axé ao qual se descende ou ainda a intuição do Babalorisá/Iyalorisá.

 

 

Adansonia sp. Baobá- Foto retirada da internet

 

SUSTENTABILIDADE DO CULTO ÀS GRANDES ÁRVORES

 

Atualmente observamos um aumento desenfreado do número de casas de Candomblé. Segundo relatos de antigos, não era comum que todos os iniciados de um barco ou de uma casa ao completarem sua iniciação, após a obrigação de sete anos (Odun Ejé), abrissem outro barracão. A maioria não possuía o cargo de Iyálorisá/Babalorisá e permanecia em sua roça, ocupando postos como egbomi, Iyá kekere, Iyá Efun, entre outros. Às vezes, era comum que no caso de iniciarem alguém o fizessem na própria casa em que foram iniciados. Nas casas de Jeje, de Tradição Mahi era comum se dizer: Casa de Jeje têm várias mães. Isso porque poderiam existir diversos barcos de vodunsis diferentes no mesmo espaço religioso.

 

Podemos concluir que essa prática era de extrema importância para a manutenção da Tradição e dos costumes compartilhados pelos membros dessas comunidades (egbé), pois permitia a constante troca de costumes e saberes nesses grupos. Pode-se afirmar que isso tornava a religião do Candomblé extremamente sustentável, sob o ponto de vista de utilização dos espaços e recursos naturais, como cachoeiras e matas, fundamentais para o culto das divindades africanas. Como existiam poucas casas, a produção de resíduos dispensados no meio ambiente pelas mesmas era bem menor.

Com o processo da urbanização e afastamento das casas matriz o Candomblé vai perdendo bastante de sua identidade. Os espaços naturais (Ilé Igbó) nos terreiros vão ficando cada vez menores, muitas vezes até inexistentes. As grandes árvores, que antes eram objeto de culto, deixam de estarem presentes e seus fundamentos vão sendo esquecidos. Podemos citar o exemplo de inúmeras casas Jeje Mahi do Rio de Janeiro, que ainda apresentam alguns voduns como Legba, Gun, Ague e Bessen em espaços externos do terreiro, segundo a linguagem do povo de santo, “no tempo”. Esses voduns apresentam seus assentamentos aparentes, em áreas em que o solo foi impermeabilizado (cimentado), podendo ser facilmente identificados. Eles ainda são chamados de atin, o que na verdade é uma lembrança das grandes árvores que serviriam de morada para os mesmos, onde frequentemente eram enterrados sob suas raízes.

Até que ponto o processo de modernização do Candomblé permitirá que essa religião mantenha suas raízes e continue sendo uma forma sustentável de manutenção do legado deixado por nossos ancestrais negros, que tanto lutaram e sofreram para preservar essa antiga Tradição?

TEXTO ESCRITO POR JONATAS GUNFAREMIM

O vídeo abaixo faz parte do Acervo Cultne, que  registrou o ritual de plantio do Baobá no Ilê Axé Oya Bagan, sob o comando da Iyalorixá mãe Baiana e o Babalawo Rasaki Salami, da cidade de Abeokuta na Nigéria.


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EWÉ INÓN/ EWÉ IGBÁ ÀJA (KORIN EWÉ)

Como diz o velho ditado: Cada um meche a panela do seu jeito e canta conforme aprendeu.. Candomblé não é receita de bolo, siga a Tradição da sua casa e do seu Axé.

 

Ossayin, orixá das folhas

(Igbá) Àja wu’na góróró

(Igbá) Àja wu’na góróró

(Igbá) Àja wu’na

A wu inón

Igbá Ája abre caminho estreito

Igbá Ája abre caminho estreito

Igbá Ája abre caminho

Caminho de fogo

 

 

Clidemia hirta-Ewé inón/ Folha do fogo

 

Òjò un a gbururu

Òjò un a gbururu

Òjò un a ewé inón

A chuva cai dispersa

A chuva cai dispersa

A chuva cai sobre a folha do fogo

 

 

Solanum paniculatum- Ewé Igbá Àja/ Jurubeba

 

Aaja wu nan bururu

Aaja wu nan bururu

Aaja wu nan wu inón

Aja abre o caminho estreito

Aja abre o caminho de fogo

 

 

Clidemia hirta

 

Òjòó máà òfuurufú.

Òjòó máà òfuurufú.

Òjòó máà àrá inón

Chuva não permita que tenha vento

Chuva não permita que tenha vento

Chuva não permita o fogo do raio

 

 

Clidemia hirta- Folha do fogo

 

 

Solanum paniculatum- Ewé Igbá Àja/ Jurubeba

POSTADO POR JONATAS GUNFAREMIM

 

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WorkShop sobre Folhas Litúrgicas do Candomblé

WORKSHOP SOBRE PLANTAS LITÚRGICAS NO CANDOMBLÉ – 10 DE AGOSTO DE 2014 – VAGAS LIMITADAS. – MINISTRADO PELO BABALORIXÁ EDUARDO NAPOLEÃO – NÃO PERCAM!

 

Workshop de Plantas Litúrgicas no Candomblé

 

Retirado do site: https://www.facebook.com/candomblesemsegredos

Babalorisá Eduardo Napoleão de Ayrá (São Pedro)
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TRÊS ANOS SEM PAPAI FLÁVIO DE OGUIAN-REPUBLICANDO

 

Sua cadeira, aos pés de Idanko..

Quando o orixá Ikú se aproxima, e abraça alguém com seu hálito frio, Ele não torna essa pessoa melhor nem pior, apenas restitui a terra o que dela saiu. Após a passagem de Ikú, seremos lembrados pelas ações que tivemos quando vivos, sejam elas boas ou más. Por outro lado, aqueles que observam a passagem de Ikú têm a possibilidade de se modificarem. De aprender que o orgulho, a vaidade e os pequenos ressentimentos de nada nos servem, pelo contrário só nos atrasam e nos impedem de caminhar, de sermos felizes..

Aprendi no Candomblé muita coisa boa, uma delas foi o sentimento de comunidade, de espírito coletivo. Tudo que fazemos, realizamos junto com alguém, por isso aprendemos a contar sempre com o outro. Ninguém toca um Candomblé sozinho. Quando nascemos, somos cortejados pelos nossos mais velhos, que nos ajudam a caminhar e alegremente cantam: Ikodidé, adupé ìyawó. Ofé re jé! Momento único nas nossas vidas.

Aprendi que, assim como, quando nascemos não estamos sozinhos, quando partimos também não ficamos solitários. Um iniciado nunca será apenas mais um, um número frio e sem valor. Ele pertence a uma comunidade, a comunidade o acolheu e ele a escolheu. Por isso a comunidade estará presente no momento em que o ará retornar para a terra. Não é uma questão pessoal, mas espiritual.   PAI FLÁVIO DE OGUIAN Aprendi que todo aquele que recebeu o “awo”, deverá ter o direito de retornar as suas origens, de romper os laços que o ligam a comunidade e assim poder seguir o seu caminho..

Também aprendi que o elo que nos une é muito maior do que podemos imaginar. O elo espiritual, forjado pelos orixás, materializado em todos os dias de nossas vidas. É nessa força que aprendi a acreditar e respeitar. Aprendi a acreditar na Tradição. Que quando ela não mais ditar as regras, quando cada qual seguir seus interesses momentâneos, a essência terá se perdido, a memória será esquecida.

 

Papai Flávio de Ogyan

 

Aprendi que quando enfraquecemos a Tradição, estamos enfraquecendo a memória de nossos ancestrais, fazendo com que nossas origens sejam esquecidas.

O Ásèsé nos ensina, se não pudermos retornar a nossas origens, como poderemos sustentar nossa religião?  como perder gordura

 

 

 

 

TEXTO ESCRITO POR JONATAS GUNFAREMIM

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SABÃO PRETO NATURAL DA ÁFRICA OCIDENTAL

Sabão preto natural da África Ocidental

 

Baphia nitida

Sabão Preto tem muitos nomes: sabão preto Africano, sabão nagô ou alata simena (Gana) ou ose dudu(Nigéria).

 

O sabão preto é um dos sabões mais saudáveis para a pele devido à pureza e simplicidade dos ingredientes. No Togo, sabão preto é o único sabão usado pelas mães para lavar seus recém-nascidos, uma vez que a sua pureza faz com que seja suave e não reseque a sua pele sensível. Nosso sabão preto é produzido em pequenos lotes, à mão, usando técnicas tradicionais milenares.

 

 

Pterocarpus osun

O sabão preto tradicional tem coloração marrom escuro. É macio e com uma composição orgânica. Tem uma textura delicada e um cheiro de terra natural. Não é oleoso. O sabão preto vem sendo utilizado para o cabelo Africano e cuidados com a pele durante séculos. É excelente para tomar banho, fazer a barba e lavagem dos cabelos. Atualmente, pessoas de todas as esferas da vida estão se beneficiando com este sabão Africano incrível. O sabão preto africano é encontrada principalmente em Gana, embora, outros países tenham sua própria versão de sabão preto.

 

Sabão da costa africano

Propriedades:

• Ajuda a limpar profundamente e esfoliar a pele.

• Usado para remover o excesso de oleosidade da pele, o que ajuda a tratar e prevenir a acne.

• Usado na maioria dos tipos de pele, incluindo áspera e seca.

• Ajuda com inchaços e manchas.

• Ajuda a revelar a pele radiante, fresca e saudável.

• Acalma vários tipos de irritações da pele, como queimaduras de barbear, erupções cutâneas e eczema.

Pessoas que sofrem de eczema, muitas vezes têm dificuldade em encontrar produtos que cuidam de sua pele seca e sensível sem irritar ou provocar um surto. O sabão preto pode ajudar a reduzir os surtos de eczema, porque é mais suave em sua pele que a maioria dos sabonetes comerciais, carregados de química.

 

Vitellaria paradoxa- Frutos

Cuidados de utilização

No banho: Ensaboe com o nosso sabão preto natural. Molhe sua esponja ou toalha, esfregar o sabão preto na esponja ou toalha e você está pronto para o chuveiro ou banheira. Em seguida, utilize a nossa manteiga de karité do Oeste Africano para deixar sua pele limpa, hidratada e brilhante após o banho.

 

Pterocarpus osun

Para o rosto: Você pode utilizar o sabão preto natural apenas para cuidar da pele de seu rosto, se desejar. É só lavar o rosto uma ou duas vezes por dia. Você pode ainda dar-se um tratamento facial com nosso sabão preto. É simples: Obtenha uma toalha pequena, mergulhe em um pouco de água quente, esprema e coloque a toalha sobre o rosto por cerca de 10 segundos ou até que a toalha fique fria. Repita várias vezes. Quando terminar, lave o rosto com nosso sabão preto. Não se esqueça atrás das orelhas, sob o queixo e pescoço. Enxague com água morna. Hidratar com Manteiga de Karité, se necessário.

 

Você também pode fazer uma máscara facial com o sabão preto natural.

Passo 1: Corte uma pequena porção de sabão, 1 polegada ou o tamanho de uma tampa de rosca de uma garrafa de refrigerante.

Passo 2: Coloque o sabão em um prato com 60mL de água destilada ou filtrada aquecida. Deixe o sabão descansar por 10 minutos, ou até que fique mole. Amasse o sabonete com os dedos e misture 60mL de mel cru com o sabão purê. Misturar cuidadosamente para garantir que todo o mel seja incorporado.

Passo 3: Aplique a mistura de mel/ sabão para o seu pescoço e rosto como você faria com qualquer outra máscara facial. Deixe a máscara por 20 a 30 minutos. Lavar o rosto com água morna e seque com uma toalha limpa e macia.

 

Fabricação artesanal de ose dudu na África

Para seu cabelo: É isso mesmo! Antes que houvesse shampoo, houve sabão preto. Durante séculos, os africanos lavaram os cabelos com este sabão incrível. E isso não nos foi tirado. Tente você mesmo! Molhe o cabelo, esfregue sabão preto em seu cabelo até que esteja bem ensaboado. Lavar o cabelo, lavar e repetir o processo até que seu cabelo esteja limpo. Quando terminar, use o seu condicionador de cabelo regular e, claro, não se esqueça do seu óleo hidratante jamaicano de coco ou de coco e capim-limão. Você precisa alimentar o seu cabelo também!

 

Perguntas frequentes sobre o sabão preto natural:

manteiga karite- Vitellaria paradoxa

INGREDIENTES: sabão preto Africano usa apenas ingredientes naturais e não contém conservantes, intensificadores de cor ou fragrâncias. O sabão preto natural contém em geral: casca de banana, óleo de palmiste, óleo de palma, cinzas de cacau, óleo de coco e mel. As folhas e casca de palmeiras, árvores de karité (Vitellaria paradoxa), banana e sementes de cacau são transformados em cinzas. Água, óleo de coco e óleo de palma são adicionados e misturados. O sabão preto inclui ferro e vitaminas A & E por causa das bananas utilizadas no processo de fabricação do sabão. Sabão preto africano cria uma espuma suave, sem os aditivos de gordura animal que são comumente usados em sabonetes.

 

ARMAZENAMENTO: Sabão Preto contém uma alta concentração de glicerina, fazendo-a absorver a umidade do ar rapidamente. Isto significa que o sabão preto cru é maleável e dissolve facilmente em água. Este tipo de sabão irá durar mais tempo quando armazenada em um recipiente vedado, a seco ou em um saco zip lock. Também é melhor apenas molhar a parte que você pretende usar para que a barra dure mais tempo.

 

VALIDADE: sabão preto não estraga. Ele pode ser utilizado em qualquer momento.

 

COR: Os sabonetes pretos têm uma cor escura que corresponde ao período de tempo que os seus ingredientes foram torrados: quanto mais tempo o processo de torra, mais escuro é o produto. Você deve esperar variações na cor, principalmente em sabonetes crus.

 

Sabão preto africano Dudu-Osun: O nome vem do iorubá (uma das línguas faladas na Nigéria), onde Ose significa ‘sabão’ e dudu significa “preto”. Especialmente formulado inteiramente a partir de ingredientes naturais e ervas, este sabão te fará sentir revigorado e suave como a seda. Restaura a pele danificada sendo útil na cura de eczema crônico, acne e manchas escuras. Perfumado com Osun (extraído da madeira da árvore), sucos cítricos e mel nativo. Com Aloe vera (babosa)e vitaminas naturais.

 

 

Vitellaria paradoxa

Aqui estão algumas informações sobre os benefícios de Dudu Osun Africano Preto Soap:

 

• É 100% derivado de ingredientes naturais, orgânicos. Em outras palavras, Dudu Osun não tem aditivos químicos.

• Todos os ingredientes usados na fabricação são cultivados organicamente na Nigéria.

• É relativamente grande em tamanho: ele pesa 150g e tem a duração de 2-3 vezes mais do que o seu sabonete regular.

• É altamente enriquecido com manteiga de karité natural.

 

Sabão Preto com Manteiga de Karité : Este sabão combina as antigas propriedades medicinais do sabão preto com as propriedades hidratantes da Manteiga de Karité para equilibrar problemas de pele. Contém cinzas de palma, extrato de casca de banana e extrato de tamarindo. Esta poderosa combinação é tradicionalmente usado para tratar eczema , acne, pele oleosa , psoríase e outras doenças de pele . As referências históricas do uso da manteiga de karité remontam relatos do Egito antigo, com a Rainha Cleópatra.

 

Pterocarpus osun- Família botânica das Leguminosas

ATENÇÃO: Se você é sensível à cafeína, pode ocorrer uma reação da pele ao sabão preto, que tem uma alta concentração nas sementes de cacau (a cinza). Porque a cafeína pode ser absorvida através da pele, pessoas que têm sensibilidade a cafeína devem testar cuidadosamente o produto antes de iniciar o uso regular.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: O TEXTO ACIMA FOI TRADUZIDO POR MIM (GUNFAREMIM), E PODE SER ENCONTRADO NA LINGUA ORIGINAL  NO SITE: http://www.beautifulearthja.com/african-black-soap.html

AS INFORMAÇÕES SE REFEREM A UMA MARCA ESPECÍFICA DE SABÃO AFRICANO, MAS, DE CERTA FORMA, PODEM SE ESTENDER A OUTRAS.

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SABÃO DA COSTA

 

Manteiga de karité (shea butter)

O sabão da costa é amplamente utilizado pelas comunidades de Candomblé, onde também recebe o nome de osé dundun (sabão preto, em iorubá). Nessas casas, costuma ser utilizado principalmente com função ritualística, embora também possa exercer um papel terapêutico e cosmético.

 

 

Segundo Gilberto Freyre, em sua obra “Casa Grande e Senzala” o sabão da costa começou a ser comercializado nas ruas do Rio de Janeiro logo após o fim da escravidão no país. Durante muito tempo sua comercialização se fazia através da importação principalmente da Nigéria, Togo e República de Benim. Atualmente, já é produzido no Brasil, sendo inclusive o nome “sabão da costa” registrado e patenteado.

 

 

Baphia nitida - Pó de osun

 

Segundo a tradição iorubá, sua utilização já atravessa séculos, sendo que a sua composição original era puramente orgânica, sem adição de conservantes, corantes ou outras substâncias similares. Hoje em dia, já existem produtos sendo vendidos no mercado com diferentes composições químicas, onde até soda caustica, em diferentes concentrações, é acrescido ao produto.

 

Flor de Baphia nitida (árvore de onde é extraído o osun)

 

 

 

Baphia nitida

 

 

Algumas formulações incluem ingredientes importantes, como os óleos de coco, de palma e de palmiste. Com relação a esses dois últimos ingredientes, cabe ressaltar que os mesmos derivam da palmeira do dendezeiro (Elaeis guineensis). O óleo de palma é extraído da prensagem do fruto (da polpa) do dendê, possuindo uma coloração e cheiro acentuados. Já o óleo de palmiste é obtido da amêndoa/ caroço (semente) de dendê, sendo transparente e praticamente sem cheiro.

 

 

 

Fruto do dendezeiro

Outro elemento importante dentro dos cultos afro e que também pode estar presente na composição do sabão da costa é o osùn, também chamado de pó de ierosun. Esse pó, muito apreciado no culto de Ifá pelos Babalawos pode ser extraído de duas árvores distintas: a Baphia nitida que tem uma cor vermelha e Pterocarpus osun que tem uma cor amarela, ambas recebem a denominação de osun pelos nigerianos.

 

 

De igual importância encontramos o karité, espécie de gordura vegetal extraída da árvore Vitellaria paradoxa. Essa árvore é tida como sagrada para diversos povos africanos. No Brasil, é amplamente utilizado para envolver os okutás (pedras sagradas) dos orixás, em especial dos orixás funfun (ligados a criação do mundo e dos homens). Devido sua importância ritualística costuma ser chamada por diversos nomes, como banha de ori, banha de Oxalá ou limo da costa.

 

 

Pterocarpus osun -Arvore do osun

 

Em termos ritualísticos o sabão da costa é considerado fundamental em diversos rituais, como na iniciação e no osé (limpeza) dos assentamentos (igbá) dos orixás, inkicies e voduns. Entretanto, alguns sacerdotes preferem utiliza-lo com certa cautela, tendo como principal argumento que o mesmo pode afastar o orixá do iniciado, devido a sua formulação que nem sempre é conhecida. Nesses casos, o mesmo seria substituído pelo sabão de coco.

 

É interessante observarmos que o sabão da costa pode conter dois tipos de óleos tidos como ewó (interdito) para alguns iniciados: o dendê , extraído da polpa do fruto do dendezeiro, e o adin, extraído da semente do dendê. Esses dois elementos são considerados quizilas para os iniciados de Oxalá e Exú, respectivamente.

 

OBS: É prática comum entre os sacerdotes dos terreiros a utilização do sabão da costa associado a diversos elementos como efun, pós variados e folhas específicas. Isso faz com que as formulações ganhem um caráter pessoal e que se aproxime do odu (e/ou) do orixá daquele que irá utilizá-lo.

TEXTO ESCRITO POR JONATAS GUNFAREMIM

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DICA DE LEITURA: PLANTAS MEDICINAIS- MARA ZÉLIA DE ALMEIDA

Plantas Medicinais- Mara Zélia

Plantas Medicinais colabora com a preservação e multiplicação das informações obtidas em trabalhos comunitários acerca do uso de plantas para fins medicinais, com o devido respeito às tradições da herança cultural africana na medicina do Brasil. As indicações terapêuticas tradicionais indicam plantas para fins medicinais que extrapolam em muito a terapêutica convencional, assumindo, em determinados momentos, um caráter místico, embasado em crenças culturais inerentes ao grupo étnico.

 

A visão do homem, como ser integral, respeitado em seu momento de fragilidade, quando algum mal de origem psíquica ou somática lhe aflige, destaca-se como a principal ótica para o entendimento deste trabalho. Terceira edição de Plantas Medicinais, de Mara Zélia de Almeida, publicado pela Editora da Universidade Federal da Bahia.

FONTE: http://www.edufba.ufba.br/2011/09/plantas-medicinais-de-mara-zelia-de-almeida-e-o-livro-do-mes-edufba-%E2%80%93-setembro-de-2011-01092011/

 

Sumário

Prefácio 13

Apresentação 27

Plantas Medicinais:abordagem histórico contemporânea 33

A cura do corpo e da alma 67

Almanaque 145

Índice das espécies vegetais citadas na obra 209

 

Informações adicionais sobre este livro
ISBN: 978-85-232-07865-7
Número de páginas: 221
Formato: 20 x 20 cm
Ano: 2011

 

Categories: Fitoterapia, Literatura, Livros, Medicina tradicional, Sustentabilidade | Tags: , , | Leave a comment

CONHECER A HISTÓRIA, PRESERVAR A TRADIÇÃO..

Areonithe da Conceição Chagas, Ìyá Nitinha de Òṣun, nasceu no dia 12 de setembro de 1928, em Santo amaro de Ipitanga, na Bahia.

Filha de Izidora com um espanhol foi criada por Maria da Natividade Pereira, mais conhecida como “Cotinha”, Ògúnjobì, filha de santo da Casa Branca, mais precisamente do terceiro barco de Ìyá Massi, Oìnfunkẹ̀.

Aos quatro anos de idade, Ìyá Nitinha foi iniciada para Òṣun, por Ìyá Massi. Aos quatorze anos casou-se com um filho de Ògún do Jeje de Cachoeira – BA, conhecido como “Seu Benzinho”. Ele era Oluwò, ou seja, jogava os búzios para a Casa Branca, além de outras casas importantes. Desta União nasceram dois filhos, ambos Ogà da Casa Branca: Areelson (Ogà Léo) e Arehigino (Ogà Gininho), confirmados por Ìyá Massi.

Durante esta união Ìyá Nitinha galgou conhecimento sobre a nação Jeje, pois Seu Benzinho era um grande e respeitado Olùwò.
Tempos depois, ela passou a trabalhar nas profissões nas quais era formada, a saber, parteira e professora primária, na Comunidade do Portão – BA.

Mais tarde, um terceiro filho, Antônio Luís (Ogà Julinho).
No Ilê Aṣè Ìyá Nassô Oká – Casa Branca, recebeu os postos de Iyatebeṣé, Ojúodé e Ìyákekeré. Também recebeu o posto de Ìyágà no Ilê Agboulá no bairro das Amoreiras em Itaparica – BA, sendo o maior posto dado a uma mulher no culto de Bàbá Egùn.

Fundou sua primeira casa de Candomblé em 1960, no Município de Santo Amaro do Ipitanga em Pitangueiras – BA.

E assim Ìyá Nitinha não parou e em 23 de abril de 1972 fundou a Sociedade Nossa Senhora das Candeias (Aṣè Ìyá Nassô Oká Ilê Òṣun – Sociedade Nossa Senhora das Candeias) na Cidade de Nova Iguaçu – RJ, mais precisamente no bairro de Miguel Couto, na Baixada Fluminense.

Neste foram iniciados mais de 500 filhos de santo, Ogà e Ekèje.
Sempre correta em suas atitudes e dedicada aos seus trabalhos como Ìyáloriṣá, Ìyá Nitinha era um exemplo de respeito e cumplicidade para com os Òrìṣà, aos quais dedicou toda a sua vida.

Conheceu o Presidente Lula no Rio de Janeiro há dez anos e depois, em 2005, foi convidada pelo próprio Presidente para fazer parte da Comitiva Religiosa que participaria do funeral do Papa João Paulo II. Ao ser perguntada sobre o atraso que a fez perder o voo, Ìyá dizia: “O santo mandou ficar”.

Em 2007 foi condecorada com a Comenda da Ordem do Rio Branco, também pelo Presidente Lula em Brasília, maior condecoração que um civil pode receber no Brasil.

 

Mãe Nitinha, da Bahia, é condecorada pelo presidente Lula com a Ordem do Rio Branco (Brasília, DF, Palácio do Itamaraty, 02/05/2007) Foto: Ricardo Stuckert/PR

 

Ìyá Nitinha era animada, exuberante e graciosa, mas também enérgica quando preciso. Conhecida nacional e internacionalmente, tinha filhos espalhados pelo Brasil, Argentina, França, Portugal, Itália, EUA dentre outros países. Conquistou sua fama por conta de seus conhecimentos e sapiência no Candomblé em suas diferentes Nações e também pela seriedade e leveza com que conduzia a religião e a Casa.

Ìyá Nitinha não era apenas um exemplo de Ìyáloriṣá, tinha poder nas decisões e a magia no olhar, foi incontestavelmente uma das maiores lideranças religiosas na Bahia e no Rio de Janeiro.

 

 

Raiz do Engenho Velho

Raiz do Engenho Velho

 

Por mais que os galhos cresçam, o tronco sempre será maior, e quem sustenta o tronco é a raiz”.

Mestre Ataliba

 

 

Dia 04 de fevereiro é uma data inesquecível para o Candomblé do Brasil e principalmente para os filhos e descendentes da Casa Branca do Engenho Velho. Veio a falecer no Hospital Evangélico, em Brotas, onde estava internada há 12 dias, vítima de insuficiência respiratória. Foi sepultada dia 05 de fevereiro 2008, às 14h, no Cemitério Jardim da Saudade, também em Salvador – Bahia.

No terreiro da Casa Branca iniciaram-se no dia seguinte os rituais de Ajèjè, que tem duração de vários dias. O Ajèjè em Miguel Couto teve início em 12 de março de 2008, sob a direção do Bàbálòrìṣà Air José, do Terreiro Pilão de Prata e Pai Valdemar Ogunssy do Ilê Axé Alarabedê.

Uma Ìyáloriṣá importante para a cultura brasileira e mais ainda para a religião do Candomblé.  Em 2009 teve a sucessão de Iya Nitinha pela Iya Débora de Oxum no Asé Iyá Nasso Oká Ilè Osum –  Sociedade Nossa Senhora das Candeias em Miguel Couto RJ.

Fontes: http://www.maenitinha.com.br/ (com alterações no yorubá).

https://www.facebook.com/candomblesemsegredos

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MÀRÌWÒ/ IGI ÒPÈ- Dendezeiro (Elaeis guineensis)

 

Dendê, Fruto do dendezeiro (Elaeis guineensis)

Quem é do Candomblé segue uma série de costumes, que foram (re)criados pelos antigos, e que chamamos de Tradição. Diziam os antigos que a tarefa de apanhar e desfiar as folhas do dendezeiro se restringe unicamente aos homens.. Em algumas casas, essa função é tarefa dos ogans, podendo também ser exercida por outro elemento do sexo masculino e iniciado.

 

 

Dendezeiro- Igi ope

Desfiar o mariwo exige paciência, concentração e muito respeito. Não é uma tarefa corriqueira e feita de qualquer maneira. Dizem que mariwo de verdade sai do miolo da copa, aquela folha bem novinha, verde claro, que ainda nem se abriu. Alguns a chamam de espada ou lança de Ogun. Só após ser desfiada passa a ser chamada de mariwo.

 

Ela servirá como roupa de Ogun e de outros orixás, como Oyá. Uma das cantigas de Ogun nos explica:

E mònriwò l’aso e mònriwò

E mònriwò l’aso e mònriwò.

“Ogún usa roupas feitas de mariwò. O senhor que tem roupas e se veste

Com folhas novas de palmeiras. Essa é a roupa de Ogun.”

 

 

Ogum vestido com mariwo

 

Outra cantiga nos adverte que Ogun é muito violento e que pode ser muito perigoso encontra-lo no caminho:

Ògún àjò e mònriwò, alákòró àjò e mònriwò
Ògún pa lè pa lóònòn ògún àjò e mònriwò
Elé ki fí èjè wè.

“Ogun o senhor que viaja coberto de folhas novas de palmeira,

Ogun mata e pode matar no caminho, ogun viaja coberto por

Folhas novas de palmeira, é o senhor que toma banho de sangue.”

 

Na seguinte cantiga observamos que o mariwo também serve para que Ogun afaste as coisas ruins, como as guerras, confusões e negatividades (eguns), e nos traga a tranquilidade dos caminhos abertos:

Ògún ní kòtò gbálé mònriwò, àwúre
Ògún ní kòtò gbálé mònriwò, àwúre.

“Ogun é o senhor da arena (briga) que varre a casa
Com folhas novas de palmeira, nos dê boa sorte.”


Alguns dizem ainda que a principal função do mariwo na entrada das casas de Candomblé e quartos de santo é garantir que Ogun reconheça o espaço como sagrado e proteja a todos os que lá se encontram, jamais deixando que sua ira recaia sobre o Egbé (Comunidade do Terreiro). O mariwo acalma Ogun e abranda a sua cólera.

Folhas de dendezeiro

 

O mariwo está ligado a Ogun assim como Ogun está ligado ao culto das árvores. Entretanto a árvore do qual se extrai o mariwo, o dendezeiro (Elaeis guineensis) pertence aos orixás da Criação, chamados Funfun, pois a cor branca é uma de suas principais insígnias. O Igi òpè, nome iorubano do dendezeiro, é uma árvore primordial. Já existia quando Obatalá e Oduduwa iniciaram a missão de criar o Aye (Terra), na verdade o igi òpè guarda consigo a essência desses orixás. Por isso era vetado a Obatalá beber do seu sumo, pois estaria bebendo o próprio sangue.

 

 

Saudoso Pai Flávio de Oguian

Existe um ditado que aprendi com Pai Flávio de Oguian que diz: “Ògbèri nko mo màrìwò”. Ou seja, aquele que não é iniciado nunca saberá o mistério do mariwo. Por mais que alguém que não seja iniciado possa ler, escutar e até ter acesso a determinadas informações sobre o culto dos orixás jamais conseguirá realmente ter acesso ao awo, ao mistério verdadeiro. Às vezes penso que muitos iniciados também estão deixando de entender o mistério por detrás do mariwo.. enfim..

Também cantamos para essa folha:

 

Biribiri bí ti màrìwò

Jé Òsányìn wálè màrìwò

Biribiri bí ti màrìwò

Ba wá t’órò wa şe màrìwò

 

“Na escuridão. Màrìwò traz luz

Màrìwò deixe Òsányìn ir para casa

Na escuridão. Màrìwò traz luz

Màrìwò ajude-nos com nossos projetos.”

 

Dizem que o mariwo se desfia bem fininho, sentado no banquinho ou na eni:

Tínrín tínrín tínrín

Màrìwò

Jókó sán yà Le

Màrìwò

 

“Bem fininho, mariwo. Sentado, cortamos e separamos, mariwo.”

 

E ainda uma cantiga que relembra um embate entre o orixá das lutas e o das folhas:

Tintin ni tintin màrìwò Òsányìn

Ìto ni t’obe iwale

Tintin ni tintin màrìwò Òsányìn


“Pequeno, pequeno, mariwo de Ossaim./Pontiaguda é a faca que cava o chão.”

 

 

Ossaim, orixá das folhas

 

Dizem que até hoje  Ossaim pergunta:

Kíni l’o fònse

Màrìwò

“O que estão fazendo? É mariwo.”

Mas tem quem cante:

Kí l’o fon ise

Màrìwò

Ilò fon ise

Màrìwò

“Por que desfiar o mariwo assim? O costume manda fazer assim o mariwo.”

 

E assim aprendemos com a Tradição.. Por que será que tanta gente teima em fazer diferente do que aprendeu então? Talvez porque ainda não descobriram o verdadeiro segredo que se esconde por detrás do mariwo..

 

TEXTO ESCRITO POR JONATAS GUNFAREMIM

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Obí, o fruto sagrado dos orixás e a Bioquímica do Candomblé

Apresento aqui alguns fragmentos de um artigo muito interessante, que discute a Lei Federal 10639/03 sob a ótica da Bioquímica e do Candomblé. Quem se interessar segue ao final o link para leitura, em pdf, do artigo na integra.

 

A Bioquímica do Candomblé – Possibilidades Didáticas de Aplicação da Lei Federal 10639/03

Patrícia F. S. D. Moreira, Guimes Rodrigues Filho, Roberta Fusconi, Daniela F. C. Jacobucci

 

Obi (Cola sp.) Foto de Reginaldo Fernandes de Melo

“Preservar, cuidar e manter a fauna e a flora é condição fundamental para os participantes dessa manifestação cultural. Os ritos e rituais são propiciados por meio de folhas, banhos de águas naturais e por partes de animais consagrados aos orixás. “Ewe orixá, orixá ewe” – sem folhas, não há orixás, e sem orixás, não há contato com o sagrado, assim como com as águas das cachoeiras, dos rios, dos igarapés, do mar; a fortaleza das pedreiras; a biodiversidade das florestas. Enfim, podemos afirmar que a religião dos orixás está ligada à preservação da natureza que é parte fundadora da constituição dos seres (Botelho, 2010). Esses rituais envolvem adivinhação, banhos de cura e incensos, nos quais é necessário o uso de plantas para mediar a comunicação com os guias espirituais.”

 

Cola acuminata- Obì (Ioruba), Ví (Fon)/ noz de cola. Jardim Botânico do Rio de Janeiro

“Os negros africanos, apesar de terem perdido parte de sua cultura, introduziram no Brasil elementos relacionados à sua religião e à sua medicina. Entre esses elementos estão espécies de plantas consideradas pelos iorubás e pelos seus descendentes no Brasil de primordial importância nos rituais de iniciação em cerimônias tradicionais.

 

A noz-de-cola, que tem uso sacro na África Ocidental, no Brasil, tem uso sagrado no candomblé, na qual é conhecida como obi (seu nome iorubá). Para a mitologia iorubana preservada no Brasil na cultura religiosa dos terreiros, os orixás retornam à terra tomando o corpo dos devotos mortais. Nos rituais de preparação, entre outras coisas, é utilizado o obi (Prandi, 2005, apud Fusconi e Rodrigues Filho, 2009).

 

Dentre as várias espécies de plantas utilizadas nesses rituais, falaremos sobre a noz-de-cola e suas aplicações na Química em aulas do ensino médio, apontando possibilidades para o cumprimento da lei federal 10.639/03. Como exemplo, contextualizamos como a cafeína está presente em nosso cotidiano classificada como estimulante em diversos produtos, que também está presente na noz-de-cola e que possui um significado na cultura africana e afro-brasileira.”

 

Cola acuminata/ Floração do obi

“A cafeína. Esta está presente em bebidas de uso comum como chás, café e refrigerantes. Paralelamente é encontrada em vários produtos alimentícios, farmacêuticos e cosméticos. Os principais efeitos fisiológicos da cafeína no organismo humano são: o efeito estimulante, o diurético e a dependência química. A cafeína aumenta o metabolismo e, temporariamente, a concentração e a energia. Seus efeitos no consumo moderado são o relaxamento da musculatura lisa dos brônquios, do trato biliar, do trato gastrintestinal e de partes do sistema vascular. Afeta também a reparação do DNA ao inibir a ação de proteínas. A cafeína pode ser detectada em todo o corpo humano cinco minutos após o consumo e atinge a concentração máxima aos 20-30 minutos. É metabolizada no fígado e tem uma meia vida de cerca de 3-6 horas. Quando ingerida em excesso, pode causar vários sintomas desagradáveis, incluindo irritabilidade, dores de cabeça, insônia, diarreia e palpitações do coração.”

 

“A cafeína (1,3,7-trimetil-3,7-dihidro-1H-purina-2,6-diona) faz parte da família dos alcaloides, mais precisamente as metil-xantinas. Outras metil-xantinas importantes são a teofilina (3,7-dihidro-1,3-trimetil-1H-purina-2,6-diona) e a teobromina (3,7-dihidro-3,7-trimetil-1H-purina- 2,6-diona). A teobromina (encontrada também no chocolate) e a teofilina são duas dimetil-xantinas, com dois grupos metil, em contraste com a cafeína, que possui três grupos metil.”

Metil xantinas importantes

 

“As nozes-de-cola são as sementes das árvores do gênero Cola sp., nativas das florestas da África Ocidental. Na composição química, elas contêm, juntamente com outros compostos, grandes quantidades de cafeína e menores quantidades de teobromina, colatina e glicose. Todos esses são estimulantes: a cafeína afeta o sistema nervoso central, a teobromina ativa os músculos esqueléticos, a colatina atua sobre o coração e a glicose fornece energia para o corpo como um todo (Lovejoy, 1980). Segundo a ANVISA (2009), a noz-de-cola possui principalmente em sua composição cerca de 1,7% de taninos totais e 2,0% de cafeína.

 

Pé de Obi (Jardim Botânico do Rio de Janeiro)

A noz-de-cola foi introduzida nos países sul-americanos na época do comércio de escravizados africanos no século XVII.

Na Europa, nas Américas e na África Ocidental, as sementes são utilizadas na produção de diversas drogas farmacêuticas, vinhos e licores (Nienmenak et al., 2008). A bebida mais famosa feita à base de extrato de noz-de-cola é a Coca-Cola.”

“A noz-de-cola no Brasil pode ser encontrada na mata atlântica, assim como em casas de folhas e feiras-livres na forma de extratos e/ou desidratada. É conhecida popularmente entre os pais de santo e mães de santo como obi ou orobô e é utilizada para fins litúrgicos.”

 

“Segundo Almeida (apud Pires et al., 2003), a lógica do sistema etnobotânico do candomblé tem fundamento num culto que associa à prática religiosa um esforço terapêutico. Os babalorixás e yalorixás (sacerdotes), portadores de conhecimento etnomédico, prescrevem o uso das folhas, raízes, sementes e cascas para fins medicinais, banhos e outros propósitos ritualísticos relacionados a orixás específicos.

A noz-de-cola (cola acuminata R. Br.) possui ação psicoativa graças à ação dos alcaloides cafeína e teobromina que agem no sistema nervoso central, melhorando a fadiga, aclarando as ideias e aumentando o estado de vigília. No jogo de adivinhação (jogo de búzios), são utilizadas as nozes como mastigatório para, segundo os informantes, dar força às palavras (Camargo, 1999).”

 

OBS: A lei federal 10639/03 determina a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas. Essa lei foi alterada pela Lei 11.645 de 10 de março de 2008, passando a incorporar também a história e a cultura dos povos indígenas.


LEIA O ARTIGO EM PDF NO LINK: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc33_2/03-EA3610.pdf

 

LEIA MAIS SOBRE O OBI: http://gunfaremim.com/?p=378

http://gunfaremim.com/?p=92

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A folha funciona.. é só ter fé!

 

Orixá das Folhas

Fiwájá, fèhìnjà

Ewé à jé oògùn á jé

Fòtúngún

Fósigún

A wá rúbo, ebo dà nó o.”


“Colha folha aqui, colha folha ali

As folhas serão eficazes, o remédio irá funcionar.

Esmague as folhas com a mão direita,

Esmague as folhas com a mão esquerda,

Façamos sacrifícios e eles serão aceitos.”

 

Exposição Agbara Orixa- UERJ (2012) do artista Sidiney Rocha.

 

Jonatas Gunfaremim

JONATAS GUNFAREMIM

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