Não devemos quebrar promessas feitas aos voduns

 

Iroko Africano

Esta é a história de um homem pobre que se chamava Kakpo. Esse fato aconteceu em Tendji.

Há muito tempo, Loko era uma árvore sagrada. Havia um homem pobre que trabalhava com o machado. Ele cortava árvores para conseguir madeira. Um dia, encontrou uma árvore boa para cortar. Ele foi cortar Loko.

Loko lhe disse: -Não me corte. Nenhum homem deve me cortar. Há três voduns que vivem na árvore de Loko: Dan, Dangbe e Tohwivo, do clã de Ayato, uma vila em Abomey. Loko tem sete tipos de pequenas cabaças duplas. Loko disse ao homem:

– Vire-se para mim. Se eu lhe der riquezas, você fará tudo que eu mandar?

O homem lhe respondeu: -Sim!

Loko deu-lhe sete das pequenas cabaças duplas e disse-lhe: Encontre um bom lugar e quebre uma na terra. Se eu der as riquezas você me dará um boi anualmente?

-Sim, respondeu o homem.

Aquele lugar onde o pobre homem quebrou a primeira cabaça tinha se tornado sagrado. Quebrou então a segunda.

Muitas casas apareceram.

Quando quebrou a terceira cabaça as casas foram cercadas por paredes.

Com a quarta, redes, bancos e almofadas apareceram, tudo que era necessário à um rei.

Quebrou a quinta cabaça e viu muitas pessoas nas casas. Com a sexta surgiram cavalos. Montou um cavalo. Quand quebrou a sétima cabaça encontrou Fa e Legba, e não apenas as coisas para adorá-los.

Mas Kakpo não deu a Loko o boi que lhe tinha prometido.

Loko se transforma em um homem pobre, usando roupas de ráfia, e vai pedir água a Kakpo.

Encontrou o Minga de Kapo, que se tornou rei.

O minga disse: – Saia daqui! Que tipo de homem é você que veste-se com roupa de ráfia?

E Loko foi afastado. Voltou uma segunda vez. O minga surrou-o com um chicote. Loko foi embora. Voltou uma terceira vez. Os aldeões estavam ocupados em cultivar para o chefe. Bateram em Loko novamente.

Desta vez, Loko começou a cantar uma canção:

-“Ponham aqui as sementes, venham aqui e dancem para mim, seus dançarinos que dançam bem”.

Loko cantava assim e, enquanto cantou, todas as pessoas que cultivavam desapareceram.

Kakpo ficou pobre outra vez. Loko deixou-o somente com um pano de ráfia. Fa retornou ao seu reino.

Kakpo foi outra vez à Loko. Diante dele, encostou sua testa na terra e implorou que Loko o perdoasse. Disse: -Eu lhe darei o boi que havia prometido. Mas Loko recusou.

Kakpo e sua vila viveram o resto de suas vidas pobremente.

FONTE: WWW.KWECEJANEJI.ORG

Árvores associadas a Loko

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Iròko berè kwe sató, Dabió Dabió

Loko hamunya hungebe, hungebe ahoboboy!!!

Folha de Iroko- Bosque da Freguesia (Jacarepaguá (RJ))

 

Dizem os antigos que uma súplica aos pés do atinsá de Loko possui uma força inacreditável:

Loko ajebè oní o, Ae ae ae Ajebè lésè vodun.

Ali reside toda a força desse vodun, cujas raízes atravessam a terra e os galhos chegam aos céus. Seu tronco não deve ser magoado com facão, nem machado. Suas folhas devem ser colhidas com cuidado.. Deve-se ter o cuidado de catá-las ao chão, observando-se a posição de sua caída.. Depende do que se deseja, se não souber o que quer e nem como fazer, melhor não colher.

Evitamos esse atinsá à noite, lá moram muitos espíritos.. Não se deve falar alto, Loko é rabugento e não gosta.

Para esse vodun me prosto ao chão e presto minha reverência:

“Ala deja tomahin

Azon viete

Azon ilewaiye!”

TEXTO ESCRITO POR JONATAS GUNFAREMIM (PLÁGIO É CRIME- CITE A REFERÊNCIA)queima de 48

 

Gunfaremim e Jequitibá (Cariniana legalis). Exemplar estimado em mil anos de vida. Parque dos Três Picos (Cachoeiras de Macacú(RJ))

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Teté, Oriri e Odundun.. Oogun awure

Èta owó èta omo

Três é dinheiro, três são filhos

Três vezes eu cantei

Três vezes eu fui ouvido


Ogum abriu os meus caminhos

Ele ouviu Teté e a guerra mandou parar

Me deu força e muita coragem

Para que a paz eu pudesse encontrar


Se o orixá você quer buscar

É para Oriri que deve cantar

Assim como úmida é a casa do caramujo

O fogo, jamais o meu ori alcançará


Quem a paz espalha

A calma terá como companhia

Eró, eró! O Alá é nosso acalanto

Oxalá será sempre nosso Guia


A pata, o pombo, o cágado e a d’angola choraram

Mas Odundun suas lágrimas apaziguou

É funfum, é Babá

Com Teté e Orirí toda a Terra acalmou


Que o encanto aconteça

E as folhas consigam nos ouvir

Quer que seus olhos enxerguem

Omim eró é o caminho a seguir..

 

TEXTO ESCRITO POR JONATAS GUNFAREMIM (PLÁGIO É CRIME- CITE A REFERÊNCIA)queima de 48

 

Ewé Tètè (Amaranthus viridis) Caruru.

Tètè kó mó tèé o

Awa ni ‘jo n’ilé

Tètè kó mó tèé o

Awa ni ‘jo n’ilé

 

Teté nunca perde a primazia

Nós temos o conhecimento da terra

Por isso teté continuará se espalhando

Quem pode mais que o Dono da Terra?

 

 

Rinrin (Peperomia pellucida) Oriri

Iyì rinrin àtòrì ó

Iyì rinrin àtòrì

Ba iyin se ìmólè

Ba iyin si mo ba’ri ba’ro

Báísà ba Bàbá S’Òrun

Atá kò ro oju àlà fori kan

Iyì rinrin àtòrì

Bàbá ko’yé tún (E nji/ E Ajale)

 

Oriri é forte como um atori

Valorizamos oriri como a um atori

Glorificamos o Grande Espírito

Que abençoa e protege nossas cabeças

Pai dos Orixás, Pai do Céu infinito

A pimenta não é mais forte que o Alá que cobre nossas cabeças

Valorizamos oriri como um atori

Pai que faz o mundo continuamente

 

 

Odundun (Kalanchoe brasiliensis) Saião

Òdúndún Bàbá t’èrò ‘le

Òdúndún Bàbá t’èrò ‘le

Bàbá t’èrò‘le

Imólè t’èrò ‘le

Òdúndún Bàbá t’èrò ‘le

 

Odundun, Pai, espalhe a calma sobre a terra

Irunmalé, espalhe a calma sobre a terra

 

TEXTO ESCRITO POR JONATAS GUNFAREMIM

 

 

 

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DICAS DE LEITURA- ETNOBOTÂNICA

Aqui vão duas dicas importantes para aqueles que se interessam por etnobotânica, e buscam entender melhor essa área do conhecimento, onde os valores tradicionais merecem um destaque todo especial.

O primeiro livro é sugerido para os iniciantes na área, o segundo já é indicado para aqueles que buscam um maior aprofundamento nessa disciplina fantástica. Boa leitura!

 

 

Introdução à Etnobotânica – Ulysses Paulino de Albuquerque

  • Gênero: Ciências Biológicas
  • Subgênero: Biologia,  Botânica
  • Autor: Ulysses Paulino de Albuquerque
  • 2a. edição , 2005
    Formato: 14x21cmBrochura – 80 páginas
  • Editora: INTERCIÊNCIA

O livro levanta algumas das principais questões com que o neófito se depara ao estudar qualquer área de especialização da ciência.  Vários conceitos são apresentados ao longo dos capítulos, que refletem a orientação e o entendimento do autor sobre o assunto.  O livro levará o leitor por um caminho claro, cativante e objetivo, sendo um ponto de partida seguro para o pesquisador iniciante.

INTRODUÇÃO A ETNOBOTÂNICA

 

Métodos e técnicas na pesquisa etnobiológica e etnoecológica / organizadores Ulysses Paulino de Albuquerque, Reinaldo Farias Paiva de Lucena, Luiz Vital Fernandes Cruz da Cunha

Este livro representa a natural evolução do Métodos e Técnicas na Pesquisa Etnobotânica. Percebemos que o livro anterior era consultado não só por pesquisadores e estudantes interessados em etnobotânica, mas por pessoas de diferentes áreas. Tal qual o anterior, este livro foi escrito para ajudar as pessoas a lidarem com os métodos: pensar sobre os dados que coletam, escolher os procedimentos mais apropriados para a coleta desses dados, refletir sobre a sua prática, o seu fazer científico. Ao longo dos anos procuramos aperfeiçoar o texto, envolver novos colaboradores, enriquecer os capítulos, oferecer uma visão mais ampla o possível da diversidade de instrumentos que podem ser usados em uma pesquisa Etnobiológica ou Etnoecológica. Estamos seguros de que o texto não está isento de falhas, mas também estamos certos que, tal qual aconteceu com o livro anterior, receberemos sugestões e comentários do leitor para o aperfeiçoamento da obra a cada nova edição. Neste livro, o leitor encontrará 24 capítulos que abordam diferentes aspectos de uma pesquisa qualitativa e/ou quantitativa. Temos diversas obras brasileiras sobre métodos de pesquisa, e cada ano o mercado editorial ganha textos cada vez mais práticos e completos. Todavia, a intenção deste Métodos e Técnicas na Pesquisa Etnobiológica e Etnoecológica, é ser um manual de cabeceira, para ajudar você leitor a tomar decisões. Grande parte deste livro resulta da experiência dos autores com as temáticas que descrevem, de modo que seus exemplos dêem substância a ideias e procedimentos muitas vezes abstratos. Por isso, somos gratos ao comprometimento e envolvimento de todos os autores, pois tornaram esta obra possível.

Organizadores: Ullysses Paulino de Albuquerque; Reinaldo Farias Paiva de Lucena; Luiz Vital Fernandes Cruz da Cunha.

Ano: 2010 (1ªEdição)

Número de páginas: 559

Editora: NUPEEA

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Gloria Bomfim – Gameleira Branca

 

Gameleira branca de 350 anos da Lagoa dos Negros na Serra da Barriga em Maceió no Quilombo dos Palmares. Fonte: http://aranel-ithil-dior.blogspot.com.br/2014_08_01_archive.html

 

 

Iroko, Orixá-Árvore. Fonte: http://blogdovaldikim.com.br/orixa-tempo-tudo-no-tempo-tem-tempo-mitos-e-lendas-do-candomble/

 

É de xoroquê a porteira de entrada de Olorum de dê
É de xorocô a madeira sagrada de Xangô (bis)

Pra quem tem licença a porteira do mundo nunca tranca
Pra quem tem a bença do dono da gameleira branca (bis)

Bate na porteira, Pará vai abrir
Foi na gameleira, Coral e tauí
Já deu na peneira de mãe Maceline e pai Aurélio

É cajá de espada, ninguém passa ali
Essa é a minha estrada
Eu sei porque eu que vi
Que ela foi riscada na árvore do Xangô mais velho

 

Gameleira

 

Um exemplar da divindade Loko, cultuada no Bogum. Foto: Xando Pereira. FONTE: http://mundoafro.atarde.uol.com.br/tag/terreiro-do-bogum/

Gloria Bomfim- Gameleira Branca

 

 

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KANKANESIN- JEQUITIRANA (CENTROSEMA BRASILIANUM)

Nome Científico: Centrosema brasilianum (Leguminosae)

Nome Popular: Jequitirana, patinho-roxo

Nome africano: Kankanesin

Orixá: Obaluaye

 

Centrosema brasilianum

 

Centrosema brasilianum

 

 

Sàsàrà gbá’lè

Gbá’lè gbá’lè

 

Com o xaxará

Varremos as doenças pra longe

 

Centrosema brasilianum

Centrosema brasilianum

 

 

Kankanesin (Bosque da Freguesia- Jacarepaguá (RJ))

Centrosema sp. (Bosque da Freguesia- Jacarepaguá (RJ))

Folha ligada a Obaluaye (Bosque da Freguesia- Jacarepaguá (RJ))

Semente (Bosque da Freguesia- Jacarepaguá (RJ))

Semente (Bosque da Freguesia- Jacarepaguá (RJ))

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ÀFÓN- ESPELINA FALSA (CLITORIA GUIANENSIS)

Nome Científico: Clitoria guyanensis (Leguminosae)

Nome Popular: Espelina falsa, bocetinha

Nome Iorubano: Àfón

Orixás associados: Obaluayé e Nana

 

Folha ligada a mais antiga das iyagbás, Nanan, nossa Grande Avó..

Clitoria mariana

Clitoria ternatea

 

Nàná e kú’re

Omo nílé kò ràjò

Kò ràjò kò ràjò

Omo nílé kò ràjò

Nàná e kú’re

 

Nanan chegou saudando

Os filhos da casa

Ela não estava ausente

Não se ausentou

Os filhos também não se ausentaram

Por isso ela está nos saudando

 

Um dos nomes que essa grande Iyá Agbá recebe é Ikúre, ou seja, a própria morte.  Ikú é um dos filhos de Nana, dizem que são inseparáveis.. A Iku, Nana permitiu a retirada de amò, o barro sagrado que serviu para moldar os seres humanos. Mas com a garantia que amò a Ela retornasse, cada vez que o sopro divino (emí) deixasse o corpo moldado por Babá Ajalá, único momento em que  Iku poderia tomar a cabeça de qualquer um. Que Nanan permita que Ikú não nos enxergue antes do momento certo.

Saluba Nana, saluba!

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Clitoria sp.

Clitoria ternatea

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JÓKÓNIJÉ- CIPÓ-DE-COBRA (Cissampelos owariensis)

 

Cissampelos owariensis flor

O Cissampelos owariensis é uma planta medicinal pertencente a família das Menispermaceas que costuma ser conhecida no Brasil por diversos nomes: abuta, cipó-de-cobra, parreira-brava e videira-do-mato. O nome cipó-de-cobra pode ser associado ao habito da planta, que se enrola nos galhos de outros vegetais e forma grandes cipós parecidos com uma serpente. Já a denominação videira se deve ao fato de diversas espécies dessa família possuírem frutos em cachos, parecidos com uvas. A abuta, além de possuir um hábito de trepadeira é uma planta dióica, ou seja, possui indivíduos masculinos e femininos. Uma forma realizar a identificação seria a através da observação das flores, que nascem em cachos, bem pequenas e de coloração amarelada. As flores femininas possuiriam uma pétala e uma sépala apenas, enquanto as masculinas teriam quatro pétalas e quatro sépalas.

 

 

 

Cissampelos pareira

A espécie Cissampelos pareira variedade: owariensis teria origem no Continente Africano, na Serra Leoa, Uganda, Angola, Zâmbia e Moçambique. Em Gana recebe o nome de folha de veludo e orelha de rato (Akan-asante akuraso) devido a textura e ao formato de suas folhas. Os povos do sul da Nigéria, Ukwuani e que guardam uma proximidade cultural grande com os Igbo, a chamam de ebubueka enwe. Na Nigéria Ocidental recebe o nome de jokoje, que na língua Yorubá significaria “hora de parar com abortos”. O nome se deve ao fato da mesma ser uma planta extremamente conhecida na Nigéria para o tratamento local de gravidez difícil e para evitar ameaça de aborto.

 

 

 

 

Cissampelos pareira

No campo da fitoterapia o cipó-de-cobra é uma espécie extremamente utilizada no continente africano. Na Nigéria, a seiva das folhas é usada para curar a dor de cabeça e o rizoma é por vezes utilizado na preparação de flecha envenenada. No Congo, a decocção de suas hastes misturada com as folhas de outras plantas é usada como uma lavagem para o tratamento de feridas. Ainda no Congo, a seiva folha é aplicada a inchaços, e é tomada como um estomacal. No sudeste da Tanzânia o rizoma ralado é aplicado para picadas de cobra. As partes aéreas são usadas para tratar amnésia e psicoses e na preparação de medicamentos tônicos. Em Uganda, foi utilizada para o tratamento de dor de estômago em crianças, os ramos e as folhas também têm sido utilizados na cura de queimaduras.

 

 

 

 

 

 

Uma infusão de rizoma amargo, folhas ou caule de Cissampelos owariensis é usado para curar queixas gastrointestinais, como diarreia, disenteria, cólicas, e vermes intestinais. Folhas e rizomas ou seu cinzas são amplamente utilizados em várias formas para tratar abscessos, úlceras e a sarna.

Diferentes partes da planta são utilizadas no tratamento de problemas menstruais, infertilidade e doenças venéreas. Ele é utilizado para induzir a contração do útero e iniciar o trabalho de parto, e também para causar aborto e para expulsar a placenta. Mulheres do povo Bini, na Nigéria, utilizam as folhas para promover o crescimento fetal durante a gestação.

 

 

Quando as folhas são esmagadas, maceradas ou cozidas podem ser tomadas internamente para a diarreia, para promover o fluxo menstrual e durante a menstruação dolorosa ou irregular. A raiz é muito amarga e tem muitos usos medicinais. Ela ajuda na infertilidade, ajudar na gravidez difícil e evitar ameaça de aborto. Quando mastigada (raiz) com nozes do tigre (rizoma de Cyperus esculentus) passa a ter função afrodisíaca. No Brasil a noz do tigre é conhecida pelo nome de dandá.

 

Embora seja uma planta de origem africana e amplamente utilizada nesse continente o cipó-de-cobra também é muito conhecido nas Américas, principalmente pelas diversas tribos indígenas amazônicas que utilizam suas raízes, folhas e cascas para estancar hemorragias, curar dores pré e pós-natal e problemas menstruais. Outra função seria de analgésico oral e febre a partir da decocção das folhas (Tribo Waiãpi). O chá das raízes é usado como diurético, febrífugo, expectorante e para prevenir risco de aborto. Os índios Palikur, das Guianas, a utilizam como anestésico tópico. Em uma receita para agilizar o parto, as folhas devem ser trituradas e colocadas em uma pílula que deverá ser inserida no interior da vagina. Os Quíchuas, do Equador, preparam uma decocção com as folhas para curar infecção nos olhos, picada cobra e também no preparo do curare.

 

Jókónijé

A análise fitoquímica do extrato de etanol obtido das folhas de C. owariensis mostra que ele contém em alta concentração diversos fitoquímicos como: saponinas, taninos, flavonóides, e também alcaloides.

 

 

Akónijé

Nas casas de Candomblé a espécie C. owariensis costuma ser chamada de Kassahe (Jeje Mina) e akónijé, jókónijé ou jókójé (Iorubá). Dentro das casas de Ketu costuma-se dizer que seu nome significa “sentar para comer”, sendo por isso muito utilizada durante o processo de iniciação. É considerada uma folha eró indispensável para uma boa feitura, guardando consigo vários segredos, como por exemplo, o mistério da fala e do “aquietamento” dos filhos de santo.. Costuma ser associada aos orixás Oxum, Ossaiyn e Oxóssi. É interessante ressaltar que o jókónijé costuma ser confundido com uma outra folha muito parecida, conhecida pelo nome africano de tolu tolu ou em português jarrinha/ cipó-mil-homens (Aristolochia cymbifera). Embora até costumem ser utilizadas com finalidades parecidas se tratam de plantas diferentes. Pode-se dizer que o tolu tolu está para o jókónijé assim como o abamodá está para o odundun, uma espécie de ewé erú (folha escrava/substituta).

 

 

TEXTO ESCRITO POR JONATAS GUNFAREMIM

TEXTO ESCRITO POR JONATAS GUNFAREMIM (PLÁGIO É CRIME- CITE A REFERÊNCIA)queima de 48

 

Algumas Referências:

Cissampelos owariensis: Experimental review Erhirhie O. Earnest, Moke E. Goodies and Chinwuba Paul. The Pharma Innovation Journal 2015; 3(11): 75-77

Anti-diabetic effect of ethanol leaf extract of Cissampelos owariensis (lungwort) on alloxan induced diabetic rats Ekeanyanwu, R. C. *, Udeme, A. A. , Onuigbo, A. O. and Etienajirhevwe O. F. African Journal of Biotechnology Vol. 11(25), pp. 6758-6762, 27 March, 2012

 

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FOLHAS E GESTAÇÃO

 

Gunfaremim

Quando falamos em receitas para engravidar devemos ser muito cuidadosos… Primeiro temos que saber a causa pelo qual não se engravida: É espiritual apenas ou é de origem orgânica? Nós vivemos no aye (mundo dos vivos), por isso nem tudo deve ser resolvido só pelo lado espiritual. Às vezes é bom combinar os dois lados…

Toda planta possui um princípio mágico e também um princípio ativo, ou seja, a substância química que vai agir no nosso corpo e que pode intervir de formas variadas, dependendo do seu metabolismo individual, condição de saúde, idade, etc. Existem diversas ervas utilizadas para auxiliar na concepção e gestação. O seu uso deve ser feito com precaução, nunca devemos esquecer que as plantas são remédio, e o que pode separar o remédio do veneno pode ser, por exemplo, a dose. Por isso muito cuidado na sua utilização, principalmente se for ingerir através de chás.

 

Existem muitas plantas que são utilizadas pela medicina popular brasileira como abortivas. Dentre estas, destacam-se as espécies de Ruta graveolens L. (arruda), Salvia officinalis L. (sálvia), Punica gravatum L. (romã),Datura suaveolens Willd. (beladona), Allium sativum L. (alho), Aloe ferox Miller. (aloe), Angelica archangelica L. (angélica), Arnica montana L. (arnica), Cinnamomum canphora L. (cânfora), Symphitum officinale L. (confrei),Eucaliptus globulus Labill. (eucalipto), Rosmarinus officinalis L. (alecrim), Zingiber officinalis (Willd.) Roscoe. (gengibre), Cassia angustifolia M. Vahl., C. acutifolia (Delile) Batka (sene), Hibiscus rosa-sinensis L. (hibiscus),Baccharis genistelloides Pers. ou B. trimera (Less.) DC. (carqueja), Peumus boldus Molina (boldo), Luffa operculata Cogn. (buchinha do norte), Artemisia vulgaris L. (Artemísia), Hibiscus sabdariffa L. (hisbiscus) (Moreira, 2001; Basu, 1946; Suttisri, 1994; Mengue et al., 1997; Veiga Jr., 2005; Nácul et al., 2001; Frimpong, 2008). LER ARTIGO CITADO ABAIXO.


Por exemplo, existem folhas que quando ingeridas afinam o endométrio (tecido que reveste a parede interna do útero e onde o embrião vai se fixar e se desenvolver durante a gestação). Uma mulher que faço uso contínuo desse tipo de erva vai ter dificuldade para engravidar, pois o embrião não vai conseguir se implantar. Outras ervas tem efeito citotóxico, ou seja podem intoxicar e afetar negativamente o feto em desenvolvimento. Ainda existem aquelas que aumentam a contração da parede do útero, levando ao aborto, a exemplo do nosso tolu tolu (cipó-mil-homens/jarrinha- Aristolochia sp.).

Bom, mas também existem as folhas que nos auxiliam… uma que costuma ser bem utilizada é o Ìyèye (aperta ruão- Piper mollicomum), folha da Senhora da Gestação, Osun. Seu uso é feito na forma de banhos e sacudimentos em casos de dificuldade em engravidar, não devendo ser ingerido, pois é abortivo. Outras folhas utilizadas em banhos, também de Osún, são o gbági (pata de galinha- Eleusine indica), o òrúru (tulipa africana- Spathodea campanulata) e a flor de Èsá pupa de cor amarela (mimo de vênus- Hibiscus sinensis).

Obs: Antes de utilizar qualquer folha procure o auxílio de alguém de sua confiança, um sacerdote (sacerdotiza) que conheça os ewe (nsabas) e seus segredos, ou até mesmo um fitoterapeuta sério. Lembre-se que uma erva pode servir para mim e não ser indicada para você. O poder das folhas é grande, uma folha bem empregada pode levantar uma vida, mas também pode causar sérios problemas.

 

Plantas medicinais abortivas utilizadas por mulheres de UBS: etnofarmacologia e análises cromatográficas por CCD e CLAE. Souza Maria, N.C.V.; Tangerina, M.M.P.; Silva, V.C..; Vilegas, W.; Sannomiya, M.

Rev. bras. plantas med. vol.15 no.4 supl.1 Botucatu  2013.

 

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ERÓ IGBIN- ERVA-DE-BICHO (BRILLANTAISIA LAMIUM)

Èrò ìròkò iso èrò

Ai rokò isi’lé..”

 

Folha ligada ao culto de Osalá e dos demais orixás funfun. Pode ser encontrada em locais úmidos, próximo de fontes d’água e beira de rios. Dizem que por seu um dos alimentos preferidos do igbin recebeu o nome de eró igbin, ou seja, calma do caracol (ou mistério do caracol).

 

Horto do Jardim Botânico (RJ)

Horto do Jardim Botânico (RJ)

 

 

 

 

 

 

Um dos nomes africanos que também pode ser conhecida é ewé omi tútù (folha da água fresca, que apazigua). Dizem que algumas folhas quando maceradas e postas no casco de um caracol são capazes de acalmar e trazer paz a qualquer ori.

Conta uma lenda que existiam três irmãos, filhos de Oxalá e que nasceram do casco do ìgbín: Já, Jagun e Ajagunan. Com o tempo os três se tornaram grandes guerreiros inseparáveis. Em uma de suas aventuras os três tentaram invadir as terras de Osun,  a grande Senhora das Águas. Mas Osún não era boba e por ser grande feiticeira utilizando de seus poderes de Iyámí preparou um atin (pó) com a casca de ìgbín. Quando os guerreiros chegaram para conquistar o seu reino foram cegados com o pó. Nesse momento os três se separaram: Já foi parar nas terras de Ogun, Jagun nas de Omolú e só Ajaguna conseguiu retornar para junto de Oxalá. A partir desse dia Osún deixou de utilizar o ìgbín em seu culto, evitando inclusive que suas filhas pronunciassem esse nome. Dizem que ela prefere chama-lo por aginiso.

É interessante observar que o casco do ìgbín guarda forte ligação com Èsù, sendo também um elemento de seu culto. O Òkòtò é uma variedade de caracol, como o ìgbín, de concha cônica, aberta no topo. Òkòtò demonstra que Èsù, embora se multiplique em infinitas formas, possui uma única origem. Isso pode ser constatado em um pequeno fragmento do odu Ògbè Ìretè: “Béé ló sì n fi esè kan gogogo, pòòyì rányìnrànyìn kálè”Òkòtò, com uma perna só rodopia por toda a terra”.

Quem não tiver um Èsù em seu corpo não existe, tampouco sabe que está vivo, uma vez que obrigatoriamente cada um deve ter seu próprio Èsù e o próprio Olorum em seu corpo. Motivo pelo qual todo iniciado no Candomblé tem assentado Bara e Òlá.

O igbin  é considerado uma das maiores oferendas para Osalá sendo também chamado de “boi  de Oxalá”, devido a sua importância.

Para ele cantamos: “Bàbá ìgbín, Ìgbín ta ni rere”.

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Ndanko (Apako) -Bambusa vulgaris

Aos seus pés rezamos, cantamos e dançamos.. Oferecemos àlùbósà (cebola) e egbo (canjica).

Que o fogo sempre seja nosso amigo, que transforme o ruim em bom. Que o mal não nos atinja pois somos fortes como os seus galhos. Que o epo nos dê o brilho e que apazigue todos os nossos inimigos.

Que saibamos que a união é o que nos torna fortes, assim como nos ensina Dankó. Nosso Pai, nosso Orixá, nosso Ancestral.. Ekpa ekpa Bàbá!

Casa Branca do Engenho Velho- Salvador (BA)

Iná mo juba e

Iná, Iná mo  juba àiyé

Ago, mo juba.

 

Dankó Ezó.. Ekpa Ekpa!

 

Ògún dé arére

Ìrè Ìrè Ògún jà

Àkòró dé arére

Ìrè Ìrè Ògún njà o.

Bàbá Indako

E Indako mo da gemare

Òlúfón, Indako

Indako mo da gemare

Indako.

 

Ìjà ìjà mó dùn o

Bàbá pè’re Indako.

 

Ajàgúnà gbà wa o Ajàgúnà

Elémòsó

Bàbá O’lórogún

Ajàgúnà gbà wa o.

 

Bàbá duro de

Bàbá duro de

Àjàlé.

 

 

Aso ire

Bàbá nlo

Omode ko le

Indako

 

Bambusa vulgaris - Local de culto de Ndanko Gboya

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PÈRÈGÚN, AQUELE QUE CHAMA O TRANSE

TEXTO EXTRAÍDO DO BLOG PODER DAS ERVAS: http://poder-das-ervas.blogspot.com.br/

 

Artista: Patrick Langkammer

PÈRÈGÚN, erva gún, uma das folhas mais antigas é o “Pèrègún”, que é utilizada na grande maioria dos rituais aos Òrìsás. Diz o mito: Pèrègún presenciou o crescimento da humanidade. Sempre há de nos trazer a sorte. Pèrègún segura nossa sorte, segura a sua presa no dia de caça… E assim… Alimenta os seus filhos. Pèrègún nos protege de nossos opositores… E faz com que nos harmonizemos com os nossos semelhantes… Pèrègún fez pacto com “Aje” para a sua vinda à Àiyé ( Terra ou o mundo físico, paralelo ao orun )… Ifá dissera, quando Pèrègún o procurava pela sorte Pèrègún, se você quiser ter sorte, deverá ajudar a humanidade, fazendo um pacto com “Aje”, para poder sempre ter e poder emanar sorte, para quem lhe procurar por sua ajuda. Foi então, que Pèrègún tinha feito pacto com “Aje” antes de vir ao mundo, mas não tinha quem o pudesse levar para Àiyé. Novamente foi a Ifá, e este dissera: Pèrègún se você quiser realizar o seu trabalho em Àiyé procure por “Ògún”, pois ele sempre está indo para Àiyé. Pèrègún procurou por “Ògún”, mas ele só levaria Pèrègún, se ele dividisse a sua sorte com ele. Foi então que Pèrègún tinha aceitado, e por essa razão “Ògún” lhe dissera: “Vou dizer a toda humanidade, que Pèrègún emana a sorte, e quem com ele ficar será agraciado com a mesma”. Desde e Pèrègún então foi conhecido, e muito procurado por todos em Àiyé.

Pèrègún alára gígún o

Pèrègún alára gígún o

Oba kò ní jé o roró okán

Pèrègún alára gígún o

Pèrègún gbà agbára tuntun

 

Pèrègún tem o corpo excitado

Pèrègún tem o corpo excitado

Rei não deixa ter problemas de coração

Pèrègún tem o corpo excitado

Pèrègún dá nova força

 

PÈRÈGÚN NÍ Í PE IRÚNMOLÈ L’ÁT’ÒDE ÒRUN W’ÁYÉ! (É Pèrègún que chama os espíritos do além para a terra!)

PÈRÈGÚN WÁ LO RÈÉ PE AJÉ TÈMI WÁ L’ÁT’ÒDE ÒRUN! (Pèrègún, agora vá e chame minhas riquezas do além!)

 

 

Gunfaremim

Nesta preparação encontramos referência a uma folha, conhecida pela maioria de nós: o Pèrègún, cujo nome é a contração do verbo “”, que significa chamar, com a palavra “EGÚN”, que significa espírito, ancestral, etc. Percebe-se então que esta folha tem a finalidade de “chamar (invocar) espíritos”, e que a própria pronúncia de seu nome já funciona como um ofò!. A sabedoria daqueles nossos ancestrais yorubanos que a elaboraram fez esse trocadilho: se Pèrègún pode chamar espíritos, pode chamar a riqueza!

Para algumas pessoas, principalmente para aquelas que não estão ligadas aos cultos de matriz africana, pode parecer um tanto “primitivo” pensar dessa maneira, digo, esperar resultados a partir da utilização de certas plantas, de sementes, etc., enfim de elementos da natureza, aparentemente inanimados. No entanto, repetimos, existe por traz da utilização desses elementos uma questão cultural. Eles se utilizam desses elementos da natureza acreditando que eles expressam as suas necessidades perante o “Criador”, o destino final de seus pedidos: “…Uma composição mágica parece ser considerada como uma coleção de coisas materiais, às quais é dado um valor simbólico; juntas constituem uma mensagem…” (Ewé, Pierre Verger, 1995)

O TEXTO PODE SER ENCONTRADO NO SEGUINTE SITE: http://poder-das-ervas.blogspot.com.br/2012/06/peregun.html
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Ewe Pèrègún – O rei que desperta as divindades na Terra

O SEGUINTE TEXTO É BEM INTERESSANTE E FOI RETIRADO DO BLOG TRADIÇÕES DO CANDOMBLÉ: http://tradicoesdocandomble.blogspot.com.br/
Nome Yorùbá =Pèrègún.
Nomes Populares =Nativo, Pau d’água, Dracena, Coqueiro de Vênus.
Nome Científico =Dracaena fragrans.
Pèrègún, que simbolicamente significa alicerce, coluna. Na África, é considerada uma árvore sagrada, uma “divindade”, é de costume vê-la plantada em lugares sagrados para os òrìsà, junto ou próximo aos seus Ojúbo.
Em Òsogbo mesmo, encontramos muitos pèrègún plantados próximo ao Ojúbo Òsum (santuário de Oxum), divindade que tem a mesma como uma árvore sagrada dentro do seu culto e suas folhas, completamente essenciais ao mesmo.

Dracaena arborea

Também é utilizado para demarcar onde começa os patrimônios campestres de cada membro de um mesmo clã. A origem desta planta é africana, porém, com a vinda de escravos africanos para o Brasil, na infeliz época do tráfico escravista, esta árvore difundisse em nosso país .É considerada a planta mais popular dentro das Casas de Candomblé (Culto Afro-brasileiro), possuindo uma utilização bastante variada, essencial e indispensável na composição do Àgbo (banho lustral e litúrgico composto de folhas e outros elementos ritualísticos), banhos, sacudimentos, medicinas, magias e etc.
É uma folha que possui a regência de diversos irúnmolè como:
Èsù, Ògún, Òsányìn, Òsóòsì,Obalúayé e principalmente Òsun. É uma folha gún (de excitação).
Masculina e ligada ao elemento Terra.Sua principal ligação com Òsum se dá ao fato do acúmulo de água em seu caule. Não sendo a toa um dos nomes populares desta planta, PAU D”ÁGUA. Por isso, é uma planta que mesmo pertencendo ao elemento terra, possui grande ligação ao elemento água.Muitas medicinas são realizadas com o pèrègún, tanto para chamar e obter a sorte (àwúre oríire), quanto para agradar as feiticeiras (ìyónú ìyámi ).
Como folha gún, de excitação, tem o poder de despertar o transe, por isso é a primeira das utilizadas no
àgbo ìgbèrè (banho de iniciação):
“Pèrègún ní í pe irúnm olè
l’át’òde òrun w’áyé.  

É Pèrègún que chama as
divindades do céu para a terra.

Dracaena fragrans- Peregun

Na África, os àmì (assentamentos) Òsun, são colocados muitas vezes sob a copa desta árvore, no Brasil, isso acontece com os àmì Ògún(assentamentos de Ògún). O Pèrègún é também utilizado como cerca viva em torno do assentamento de Ògún em algumas casas de culto.Uma folha de grande utilização nos àgbo (banhos) de sacramento dos objetos litúrgicos de Ògún, Òsóòsì e Òsányìn.

Pèrègún é utilizado medicinalmente em banhos e chás para reumatismo. 

Pèrègún alará gigùn o
Pèrègún alará gigùn
Oba o ni je o roro ókan
Pèrègún alará gigùn
Pèrègún gba agbára tuntun  

Peregum, Você é dono de um corpo excitado.
Peregum, Dono de um corpo excitado.
O Rei que não deixa ter problema de coração.
Peregum, Dono de um corpo excitado.
Peregum que dá nova força (revigora).

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ITANS DE OSSAIM (REGINALDO PRANDI)

Os seguintes mitos foram escritos por Reginaldo Prandi, fazendo parte do livro Mitologia dos Orixás. São histórias maravilhosas e que nos revelam um pouco da natureza fantástica de Ossaiyn, orixá das folhas. Os itans são contados aos filhos de santos, em momentos de pura atenção e envolvimento. Eles revelam fundamentos do culto, e preparam o iniciado para os segredos e mistérios da religião dos orixás. Por que Ossaim carrega um pássaro em sua ferramenta? Por que cantamos para as folhas? Tantas perguntas..

Ossaim dá uma folha para cada orixá

Ossaim, filho de Nanã e irmão de Oxumarê, Euá e Obaluae, era o senhor das folhas, da ciência e das ervas, o orixá que conhece o segredo da cura e o mistério da vida.

Todos os orixás recorriam a Ossaim para curar qualquer moléstia, qualquer mal do corpo.

Todos dependiam de Ossaim na luta contra a doença. Todos iam à casa de Ossaim oferecer seus sacrifícios. Em troca Ossaim lhes dava preparados mágicos: banhos, chás, infusões, pomadas, abô, beberagens.

Curava as dores, as feridas, os sangramentos; as disenterias, os inchaços e fraturas; curava as pestes, as febres, órgãos corrompidos; limpava a pele purulenta e o sangue pisado; livrava o corpo de todos os males.

Um dia Xangô, que era o deus da justiça, julgou que todos os orixás deveriam compartilhar o poder de Ossaim, conhecendo o segredo das ervas e o dom da cura.

Xangô sentenciou que Ossaim dividisse suas folhas com os outros orixás.

Mas Ossaim negou-se a dividir suas folhas com os outros orixás.

Xangô então ordenou que Iansã soltasse o vento e trouxesse ao seu palácio todas as folhas das matas de Ossaim para que fossem distribuídas aos orixás.

Iansã fez o que Xangô determinara. Gerou um furacão que derrubou as folhas das plantas e as arrastou pelo ar em direção ao palácio de Xangô.

Ossaim percebeu o que estava acontecendo e gritou: “Euê uassá!” “As folhas funcionam!”

Ossaim ordenou às folhas que voltassem às suas matas e as folhas obedeceram às ordens de Ossaim. Quase todas as folhas retornaram para Ossaim. As que já estavam em poder de Xangô perderam o axé, perderam o poder de cura.

O orixá-rei, que era um orixá justo, admitiu a vitória de Ossaim. Entendeu que o poder das folhas devia ser exclusivo de Ossaim e que assim devia permanecer através dos séculos.

Ossaim, contudo, deu uma folha para cada orixá, deu uma euê para cada um deles. Cada folha com seus axés e seus ofós, que são cantigas de encantamento, sem as quais as folhas não funcionam.

Ossaim distribuiu as folhas aos orixás para que eles não mais o invejassem.

Eles também podiam realizar proezas com as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou para si. Ossaim não conta seus segredos para ninguém, Ossaim nem mesmo fala. Fala por ele seu criado Aroni.

Os orixás ficaram gratos a Ossaim e sempre o reverenciam quando usam as folhas.

 

Ossaim imita um pássaro e casa com a filha do rei

Um rei decidiu casar a sua filha mais velha. Dá-la-ia em casamento ao pretendente que adivinhasse o nome de suas três filhas.

Ossaim aceitou o desafio.

À tarde, Ossaim saiu sorrateiro por trás do palácio. Subiu no pé de obi e se escondeu entre seus galhos.

Quando as três princesinhas saíram para brincar, foram surpreendidas por um canto que vinha daquela árvore.

Era o canto de pássaro irresistível, de um passarinho das matas de Ossaim. Mas o canto era de Ossaim, imitando o pássaro.

O passarinho brincou com as três princesas e conseguiu assim saber o nome delas. Aió Delê, Omi Delê e Onã Inã, eram estesos nomes das filhas do rei.Sua esperteza havia dado certo. No dia seguinte Ossaim foi ao rei e declamou a ele o nome das princesas.

Ossaim então casou-se com a mais velha. Sua esperteza havia dado certo. Ossaim desde então é identificado com o pássaro.

Prandi, Reginaldo. Mitologia dos Orixás; São Paulo: Companhia das Letras, 591p. 2001.

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VINCA- Catharanthus roseus (L)

 

Catharanthus roseus

A vinca é uma planta rústica muito conhecida e difundida por todo o território brasileiro, sendo identificada também pelos nomes populares de vinca de Madagascar, boa noite, Maria sem vergonha e beijo de mulata.

 

Ela é classificada botanicamente na família das Apocynaceae, com o nome científico de Catharanthus roseus (L). Sua origem é o continente africano sendo nativa da ilha de Madagascar, onde é endêmica. Na África recebe os nomes: vonenina (Madagascar), Isishushlungu e kanniedood (Africa do Sul) e imbali, ikhwinini (Zulu). É interessante observar que a espécie foi classificada como vulnerável, pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), devido principalmente as queimadas na região, que visam o aumento de áreas utilizadas para a agricultura.

 

Na África é amplamente utilizada para tratar casos de diabetes, onde é considerada tão eficaz quanto a insulina. Suas raízes são utilizadas para baixar a febre e as folhas para combater o reumatismo. Também é bastante utilizada em algumas regiões para o tratamento da gonorréia.

 

Na medicina tradicional (popular) de Cuba e Jamaica o extrato de suas flores é empregado como colírio para os olhos de crianças em alguns casos de conjuntivite. Entretanto alguns estudos contraindicam esta prática, uma vez que foram identificados pequenos cristais nesses extratos, que poderiam ser extremamente prejudiciais para a córnea.

 

A vinca é uma planta de reconhecida importância na medicina, sendo bastante estudada atualmente. De suas flores, caule e raízes são extraídos uma grande quantidade de compostos ativos de importância terapêutica, em especial alcaloides e taninos que apresentam ação antitérmica, antiglicêmica e anticancerígena.

 

 

Catharanthus roseus

A Vinculina® é um alcaloide isolado de Catharanthus roseus que possui atividade hipoglicêmica, comercializada para o tratamento de diabetes. Já a Vinblastina (vincaleucoblastina) e a vincristina (22 oxovincaleucoblastina) são dois alcaloides de ação citotóxica, que agiriam no processo de divisão celular, impedindo a mitose de prosseguir. Dessa forma elas são empregadas em associação à quimioterapia, no tratamento de processos cancerígenos e leucemia. Cabe ressaltar que para se obter 1g de vinblastina são necessárias algumas toneladas de folhas secas de vinca.

Embora seja amplamente utilizado na medicina popular tradicional, seu uso requer muita atenção uma vez que os riscos de intoxicação são grandes. Podemos citar:

-Venenosa se fumada ou ingerida;

-Neurotóxica, pode causar neuropatia periférica;

-Pode causar febre, perda de apetite, náuseas, cólicas e prisão de ventre;

-Perda de cabelo e incontinência, ulcera na boca e dor na mandíbula;

-Hemorragias nasais, sangramento nas gengivas e contusões.

 

Vinca minor

 

OBS: Existe outra espécie conhecida como vinca, de nome científico Vinca minor. O uso de sua flor é considerado muito antigo, imemorial. Essa vinca é muito conhecida também nos rituais de magia, sendo associada à deusa Afrodite em encantamentos de amor, podendo se fazer uso de banhos ou guirlandas na entrada da casa. Também possui caráter de proteção contra espíritos malignos que nos perseguem ou ainda par tirar pensamentos ruins de quem não nos quer bem. Na magia francesa é utilizada como símbolo de amizade e sorte.

Ela é tão apreciada nesses rituais que um dos nomes pelo qual é conhecida é como violeta das bruxas ou violeta de mágico. Na Idade Média era considerada a flor dos poetas e dos feiticeiros que aconselhavam a contemplação de suas flores para acalmar a vista cansada e melhorar a memória. Também era utilizada para o tratamento das chamadas doenças do diabo e possessões demoníacas, assim como uma forma de proteção contra serpentes e animais selvagens.

Na magia afro-brasileira (Candomblé) é empregada a espécie Catharanthus roseus em banhos e sacudimentos, estando associada ao orixá Oxalá. Entra na composição de uma espécie de omi eró (água que acalma) empregado pelos adivinhos para a lavagem das vistas, de forma a propiciar bons vaticínios.

TEXTO ESCRITO POR JONATAS GUNFAREMIM (PLÁGIO É CRIME- CITE A REFERÊNCIA)queima de 48


ALGUMAS REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ETHNOBOTNICAL STUDIES OF SOME PLANTS USED BY TRIPURI TRIBE OF TRIPURA, NE INDIA WITH SPECIAL REFERENCE TO MAGICO RELIGIOUS BELIEFS. M. Sharma, C. L. Sharma* and J. Debbarma.  International Journal of Plant, Animal and Environmental Sciences. 2014.

Catharanthus roseus (L.) G. Don.: Extraordinary Bapedi medicinal herb for gonorrhea. S.S. Semenya and M. J. Potgieter. Journal of Medicinal Plants Research, Vol. 7(20): 1434-1438, 2013.

PHARMACOLOGICAL PROFILE OF CATHARANTHUS ROSEUS (APOCYNACEAE) – A DETAILED REVIEW. Jony Mallik , Hafsha Begum Chowdhury , Abdullah Al Faruq , Sourav Das. Asian Journal of Pharmaceutical Research and Development, Vol.1 (3): 01-06, 2013.

 

Vinca minor

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